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EUA sanciona parentes de Maduro diante da escalada da tensão com a Venezuela

Apreensão de um navio-petroleiro pelas forças americanas aumentou as tensões entre Washington e Caracas

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 15h22.

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Os Estados Unidos impuseram novas sanções nesta quinta-feira, 11, a três familiares do presidente venezuelano Nicolás Maduro e a seis empresas de navegação envolvidas no transporte de petróleo da Venezuela, após a apreensão de um navio-petroleiro.

A operação aumentou as tensões entre Washington e Caracas, com a notícia de que o petroleiro será escoltado pelas forças americanas até um porto nos Estados Unidos, o que alimenta os receios de um conflito direto.

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou que tomou o controle da embarcação carregada com petróleo venezuelano, na quarta-feira, em uma ação onde forças americanas desceram de helicópteros para abordar o navio.

Simultaneamente, o Departamento do Tesouro sancionou três sobrinhos de Cilia Flores, esposa de Maduro, acusando dois deles de envolvimento com o tráfico de drogas na Venezuela. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, comentou que Maduro e seus aliados estão "inundando os Estados Unidos com drogas, prejudicando o povo americano."

Por sua vez, o Ministério do Interior venezuelano anunciou que os Estados Unidos cancelaram, de forma unilateral, um voo de deportação programado para esta sexta-feira, 12. Apesar da mobilização militar de Donald Trump no Caribe em agosto, os voos de deportação haviam ocorrido regularmente até o momento, com o governo venezuelano esperando que os Estados Unidos revertessem sua decisão e retomassem os retornos de migrantes.

Denúncias de pirataria

O presidente venezuelano qualificou a apreensão do navio como "pirataria naval criminosa", acusando os EUA de sequestrarem os tripulantes e roubarem a embarcação. Maduro também recebeu apoio do presidente russo Vladimir Putin, com quem manteve uma conversa telefônica, e de Cuba, que depende da Venezuela para suas necessidades energéticas.

Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, expressou preocupação com a apreensão, lembrando que o navio estava sancionado por transportar petróleo de países como Irã e Venezuela.

De Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel da Paz, a opositora venezuelana María Corina Machado manifestou apoio ao governo de Donald Trump em sua luta contra Maduro.

Golpe ao governo de Maduro

O petroleiro apreendido, que no passado operava sob o nome de Adisa, estava carregado com cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo, segundo informações da agência de notícias AFP. No entanto, o presidente Nicolás Maduro afirmou que o número era de 1,9 milhão. O navio foi identificado pelo Departamento do Tesouro dos EUA em 2022 por seus vínculos com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã e o Hezbollah.

A operação foi vista por autoridades dos EUA como um golpe direto ao "regime" socialista de Maduro. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou que a apreensão representa uma resposta a um regime que sistematicamente contribui para a entrada de drogas nos Estados Unidos.

Diferentemente de outras operações em alto-mar, em que lanchas de narcotraficantes foram atacadas, esta operação foi acompanhada de uma ordem de confisco, e o FBI assumiu o controle do caso. O confisco de petróleo é considerado um passo significativo na escalada da hostilidade de Washington contra o regime venezuelano, que enfrenta uma grave crise econômica e isolamento político.

Pressão dos EUA

A acusação de que a Venezuela é controlada por narcotraficantes é uma das principais justificativas de Washington para suas ações contra o governo de Maduro. Além das acusações formais contra o próprio presidente venezuelano, dois de seus sobrinhos, Franqui Francisco Flores de Freitas e Efraín Antonio Campos Flores, foram detidos no Haiti em 2016 por tráfico de drogas. Eles foram condenados nos Estados Unidos, mas libertados pelo presidente Joe Biden em troca de sete americanos detidos na Venezuela.

Agora, o Departamento do Tesouro retomou as investigações e impôs novas sanções a esses sobrinhos, além de Carlos Erik Malpica Flores, outro familiar de Maduro, e a seis empresas de navegação que transportam petróleo venezuelano. Desde setembro, os Estados Unidos reforçaram sua presença militar na região, com o maior porta-aviões do mundo, caças e milhares de fuzileiros navais. Além disso, Trump autorizou a CIA a atuar dentro da Venezuela.

(Com informações da agência AFP)

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