O guia supremo do Irã, Ali Khamenei: "os americanos pediram nossa colaboração" (AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 08h57.
Teerã - O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, afirmou nesta segunda-feira que os Estados Unidos pediram ao Irã que participasse da coalizão que o governo americano está criando para lutar contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), o que foi rejeitado por Teerã.
"Nos primeiros dias de Daesh (acrônimo em árabe de Estado Islâmico) os americanos, por meio de seu embaixador no Iraque, pediram nossa colaboração. Eu rejeitei porque suas mãos estão manchadas", disse Khamenei ao canal de notícias nacional iraniano em entrevista concedida após sair do hospital, onde foi operado há uma semana.
"O secretário de Estado americano (John Kerry), também pediu pessoalmente a Zarif (Mohamad Yavad Zarif, ministro das Relações Exteriores iraniano) e ele também rejeitou", acrescentou o chefe máximo do Irã, segundo uma nota em seu site oficial.
Além de Kerry, "a vice-secretária de Estado americano (Wendy Sherman) pediu o mesmo durante as negociações com Araqchi (Abbas Araqchi, vice-ministro das Relações Exteriores iraniano), mas ele também rejeitou", afirmou Khamenei.
Segundo ele, "o objetivo dos Estados Unidos de lutar contra o Daesh é manter sua presença militar na região", por isso a negativa iraniana.
"Agora eles mentem e dizem que não nos convidaram para participar, quando o Irã desde o início tinha anunciado que estava contra a presença americana nessa coalizão", acrescentou a nota no site do líder.
As declarações de Khamenei ocorrem no momento em que está sendo realizada uma conferência internacional em Paris para formar uma coalizão contra o EI impulsionada por Washington.
O Irã não foi convidado para a coalizão, entre outros motivos, segundo Kerry explicou recentemente, por sua participação no conflito sírio.
Apesar da posição de Washington e Teerã contra o Estado Islâmico ter pontos em comum, os dois países estão muito distantes em suas posturas sobre a Síria, onde os EUA apoiam à oposição ao presidente Bashar al Assad e o Irã é o principal suporte do regime.