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EUA nem sempre são o paraíso sonhado por imigrantes cubanos

Os EUA já enfrentaram vários êxodos de imigrantes como o de 1980, durante a "crise do Mariel", que representou a chegada à Flórida de mais de 125 mil cubanos


	Cuba: "O sistema não é o que mais convém a todos, não temos um grande futuro lá"
 (Alexandre Meneghini / Reuters)

Cuba: "O sistema não é o que mais convém a todos, não temos um grande futuro lá" (Alexandre Meneghini / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2015 às 09h19.

Miami - A chegada de imigrantes cubanos aos Estados Unidos, um sonho de vários moradores da ilha, nem sempre ocorre como o imaginado: muitas vezes é marcada pela solidão, pela incerteza e pelo desemparo de estar em um país diferente.

José Lázaro, imigrante cubano de 27 anos e que está a cinco meses nos EUA, explicou à Agência Efe que as causas de sua saída da ilha foram as mesmas do que as de quase todos que tentam a aventura: o desejo de uma vida melhor.

"O sistema não é o que mais convém a todos, não temos um grande futuro lá", explicou.

A maior parte dos cubanos chega sozinha e sem família, como é o caso de Lázaro, que deixou tudo para trás quando saiu de Cuba.

Para chegar aos EUA, o caminho foi longo. Cruzou toda a América Central até chegar ao México, de onde atravessou a fronteira com o Texas e seguiu para Miami, na Flórida, no outro lado do país.

Ao longo de sua história, os EUA já enfrentaram vários êxodos de imigrantes como o de 1980, durante a "crise do Mariel", que representou a chegada à Flórida de mais de 125 mil cubanos em cerca de 2 mil pequenas embarcações, ou o ocorrido em 1994.

Devido a esses movimentos migratórios, em cidades como Miami surgiram organizações como a Êxodo 94, que não querem que essas pessoas fiquem no esquecimento.

"Não tanto pelas pessoas que chegaram, mas pelos quais não conseguiram fazê-lo", disse à Efe uma das fundadoras do grupo, Alicia García.

Na chegada dos imigrantes cubanos, as famílias contam com um papel muito importante, já que os recebem e os ajudam.

"Mas os que chegam sem vínculos parentais acabam ficando na rua, com uma espera de até 3 meses para os pedidos (de asilo) serem processados, sem ter um lugar onde ficar. É aí que nós entramos", explicou Alicia.

Além disso, quando o Natal se aproxima, o sentimento de estar só e sem apoio aumenta. É por isso que a Êxodo 94 está trabalhando para que essas pessoas passem a data com uma família, com uma sensação de boas-vindas e de amparo. "É uma data bastante difícil, mas aqui formamos uma família", disse Lázaro.

Grande parte dos imigrantes cubanos que busca refúgio nos EUA o encontra graças a organizações como a de Alicia, que os ajuda com a burocracia e auxilia que eles se estabeleçam.

A Êxodo 94 oferece um lar temporário até que os imigrantes tenham um lugar para ficar.

"Foi a única luz que eu realmente vi no caminho, porque aqui não tenho família. E, graças à organização, eu pude me encaminhar", explicou Lázaro à Efe.

Os exilados cubanos chegam a maior parte das vezes ao EUA em situações extremas, sem lugar onde ficar, sem dinheiro e sem comida.

"Fiquei rodando de lá pra cá em Miami até que encontrei essa agência (Êxodo 94). Eu ficava na rua, muitas vezes dormindo no carro de um amigo. Não desejo isso a ninguém", revelou Lázaro.

Toda a situação tem origem no restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA após mais de 50 anos.

A mudança foi recebida de maneira positiva pela sociedade cubana, apesar de, na prática, não ter representado uma melhora tangível na economia da ilha devido ao sistema centralizado de governo.

Diante desse horizonte de incerteza e com temor que as autoridades americanas efetuem uma mudança na política migratória sobre Cuba, muitos cubanos, sobretudo jovens, decidiram deixar o país.

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