Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, em Guayaquil em 22 de abril: relações estão em um de seus pontos mais baixos desde 2010, quando países ficaram sem embaixadores (César Pasaca/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 14h56.
Caracas - O chanceler venezuelano, Elías Jaua, afirmou nesta terça-feira que os Estados Unidos não conseguem entender como ter relações de alto nível e respeitosas com a Venezuela, cujo governo suspendeu na sexta-feira passada o diálogo bilateral aberto em junho para normalizar a situação de ambos.
"No governo dos Estados Unidos não se consegue entender que ter relações de alto nível e respeitosas com a Venezuela passa por suspender a ingerência nos assuntos internos venezuelanos e pelo respeito às decisões soberanas da Venezuela", declarou Jaua aos jornalistas de veículos públicos.
O governo venezuelano suspendeu na sexta-feira o processo de diálogo iniciado com os EUA em junho na Guatemala, após declarações da futura embaixadora americana na ONU, Samantha Power, sobre a "repressão" à sociedade civil na nação sul-americana.
A Chancelaria venezuelana anunciou sua decisão em comunicado depois que o Departamento de Estado apoiou publicamente Samantha, apesar do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tinha pedido uma retificação.
Jaua explicou que após a reunião que teve na Guatemala com o secretário de Estado americano, John Kerry, que serviu para retomar o diálogo, a secretária de Estado adjunta dos EUA para a América Latina, Roberta Jacobson, recebeu "dirigentes da oposição venezuelana que ainda desconhecem o governo legítimo da Venezuela".
"Depois dessa reunião se tentou condicionar ou pressionar publicamente, nunca privadamente" a Venezuela pelo caso do ex-agente da CIA Edward Snowden, disse Jaua, excluindo Kerry da acusação.
Com o secretário de Estado americano, disse Jaua, teve uma conversa "muito respeitosa, de nível muito alto onde cada um fixou sua posição" sobre o assunto.
"Mas além do secretário Kerry, através de funcionários, porta-vozes do Departamento de Estado, tentou-se questionar a decisão soberana da Venezuela de dar asilo ao jovem Snowden", assinalou.
Na opinião de Jaua, esses antecedentes e as declarações de Samantha "que tinha em sua agenda lutar contra uma suposta repressão da chamada sociedade civil", demonstram essa falta de entendimento do governo dos Estados Unidos sobre a Venezuela.
As relações bilaterais se encontram em um de seus pontos mais baixos desde 2010, quando os dois países ficaram sem embaixadores, e desde então continuaram esfriando com constantes incidentes diplomáticos.
A decisão da Venezuela de suspender o diálogo com os Estados Unidos encerra pela segunda vez em menos de seis meses um processo de diálogo entre os dois países.