Mursi durante encontro com o secretário-geral da ONU: a União Europeia também fez um apelo a Mursi para que respeite "o processo democrático" (©AFP/Getty Images / Spencer Platt)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2012 às 19h17.
Washington - Os Estados Unidos estão preocupados com a recente decisão do presidente do Egito, Mohamed Mursi, de conceder a si próprio superpoderes, disse nesta sexta-feira o Departamento de Estado norte-americano.
Mursi emitiu na quinta-feira um decreto que coloca as suas decisões acima do alcance da lei até que um novo Parlamento seja eleito, o que provocou protestos violentos no centro do Cairo, capital do país, e em outras cidades egípcias nesta sexta-feira.
O governo afirmou que o decreto apenas busca acelerar a transição, que tem enfrentado obstáculos legais, mas opositores qualificaram Mursi como um "faraó" que quer impor sua visão islâmica sobre o Egito.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, se reuniu na quarta-feira com Mursi para agradecê-lo pelos esforços de mediação da trégua no conflito entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza.
"As decisões e declarações anunciadas em 22 de novembro provocam preocupação para muitos egípcios e para a comunidade internacional", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, em comunicado.
"O atual vazio constitucional no Egito apenas pode ser resolvido com a adoção de uma Constituição que inclua contrapesos e equilíbrios e que respeite as liberdades fundamentais, direitos individuais e um Estado de direito consistente com os compromissos internacionais do Egito", acrescentou.
A polícia egípcia disparou gás lacrimogêneo perto da praça Tahrir, no Cairo, coração dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak em 2011.
Milhares de pessoas se reuniram para exigir a renúncia de Mursi, a quem eles acusaram de promover um "golpe". Também houve violentos protestos em Alexandria, Port Said e Suez.