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EUA enviam 3 mil soldados ao Afeganistão e evacuam embaixada

Tropas devem chegar ao país nesta sexta; governo americano informa que outros 5 mil soldados foram deslocados para o Kuait e Qatar, onde permanecem de prontidão

Avanço do Talibã provoca fugas apressadas de moradores locais e acende temor de guerra (Paula Bronstein/Getty Images)

Avanço do Talibã provoca fugas apressadas de moradores locais e acende temor de guerra (Paula Bronstein/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 13 de agosto de 2021 às 06h00.

Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 06h24.

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Um avanço dramático de militantes do grupo Talibã no Afeganistão ameaça transformar a região em palco de um novo conflito armado. Os Estados Unidos devem enviar 3.000 soldados ao país. Além disso, outros 4.000 militares americanos devem desembarcar no Kuait, permanecendo em estado de prontidão, e 1.000, no Qatar. As tropas devem chegar aos respectivos países nesta sexta, 13.

A embaixada americana já deu início a uma operação para a retirada de boa parte dos 4.000 diplomatas e 1.400 civis americanos com residência no país. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, a embaixada deve permanecer aberta, ao menos por enquanto. Mas aumenta a preocupação de que as representações diplomáticas possam ser alvos de ataques. Os Estados Unidos estudam transferir o serviço consular para o aeroporto, informou a rede CNN.

Embaixadas de outros países estão emitindo alertas para que seus cidadãos deixem o Afeganistão o mais rápido possível. O Reino Unido espera evacuar 4.000 britânicos e afegãos que trabalham como tradutores para o governo britânico, enquanto a embaixada da Alemanha alertou os alemães a seguir rapidamente para o aeroporto e embarcar em voos comerciais.

O Talibã vem operando como outros grupos que conseguiram tomar o poder na região, por meio do uso intenso da força, recrutamento de militantes, corrupção de agentes governamentais, ataques terroristas e fontes de financiamento ligadas ao crime organizado. O Estado Islâmico, que controlou mais da metade do Iraque entre 2014 e 2017, utilizou métodos semelhantes.

Depois do anúncio de retirada das tropas americanas, em abril, o Talibã passou a avançar de forma avassaladora pelo país. Em três meses, cinco capitais de províncias passaram para as mãos do grupo, entre elas a terceira maior cidade do país, Herat. Conforme o grupo toma mais cidades, aumenta o número de pessoas que fogem deixando tudo para atrás, com medo do radicalismo e da repressão dos militantes. Milhares de moradores rumam para a capital em busca de proteção.

O Talibã exerce poder há décadas no Afeganistão. Em 1996, o grupo tomou Cabul e passou a governar o país, impondo regras e leis que remetiam a determinadas práticas sociais e religiosas – as mulheres, por exemplo, foram proibidas de trabalhar. No final de 2001, o Talibã foi invadido pelos Estados Unidos e tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), sob a acusação de acobertar Osama bin Laden e outros líderes da Al Qaeda ligados ao atentado de 11 de setembro. Aos poucos, os militantes começaram a se reagrupar em áreas remotas, até adquirir a dimensão atual.

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