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EUA e Japão realizam voos militares conjuntos após patrulhas da China

Governo japonês expressou "graves preocupações" com a segurança nacional após sobre a incursão de aviões militares chineses e russos

Caça B-2 da Força Aérea americana (U.S. Air Force/Staff Sgt. Bennie J. Davis III/Wikimedia Commons)

Caça B-2 da Força Aérea americana (U.S. Air Force/Staff Sgt. Bennie J. Davis III/Wikimedia Commons)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 14h44.

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As forças aéreas dos Estados Unidos e do Japão realizaram manobras conjuntas, nesta quinta-feira, 11, segundo anúncio feito pelo Estado-Maior japonês.

A ação representa uma demonstração de poderio militar, em resposta aos recentes protestos do Japão e da Coreia do Sul sobre a incursão de aviões militares chineses e russos em áreas próximas aos seus espaços aéreos. Esse incidente levou ambos os países a mobilizarem caças de defesa. Enquanto Seul apresentou uma queixa formal aos adidos de Defesa de Pequim e Moscou, Tóquio expressou "graves preocupações" com a segurança nacional, informou a agência AFP.

De acordo com o Japão, na terça-feira, dois bombardeiros russos Tu-95, que têm capacidade para transportar armas nucleares, decolaram do Mar do Japão e se uniram a dois bombardeiros chineses H-6 no Mar do Sul da China. Juntos, realizaram um voo conjunto ao redor do Japão. Já a Coreia do Sul informou que enviou caças para "tomar medidas táticas de preparação para emergências" após a incursão de sete aeronaves militares russas e duas chinesas em sua zona de defesa aérea, embora tenha destacado que nenhuma delas violou seu espaço aéreo.

Além disso, o Japão se encontra em uma disputa diplomática com a China devido a comentários da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre Taiwan.

O Estado-Maior Conjunto do Japão afirmou que o exercício realizado com os Estados Unidos foi desenvolvido "em um contexto de segurança cada vez mais desafiador".

“Com este exercício, confirmamos a firme vontade do Japão e dos Estados Unidos de não permitir nenhuma mudança unilateral do status quo pela força, bem como a preparação” das forças militares japonesas e americanas, declarou o Estado-Maior no X.

Em um comunicado à parte, foi detalhado que os "exercícios táticos" realizados sobre o Mar do Japão envolveram dois bombardeiros americanos B-52, além de caças japoneses, incluindo três F-35 e três F-15.

O Japão também informou que, em águas internacionais próximas à ilha de Okinawa, no sul do país, aviões militares chineses haviam fixado seu radar em duas ocasiões em aeronaves de combate japonesas. Em resposta, o Japão mobilizou aeronaves de apoio para garantir a segurança de seus aviões.

"As ações da China não favorecem a paz e a estabilidade regionais", declarou na quarta-feira um porta-voz do Departamento de Estado americano. "A aliança entre os EUA e o Japão está mais forte e unida do que nunca. Nosso compromisso com nosso aliado japonês é inabalável, e estamos em contato próximo sobre esta questão e outros assuntos".

Pequim e Moscou explicaram que os voos conjuntos eram parte de exercícios militares, com o Ministério da Defesa russo destacando a participação específica de "bombardeiros estratégicos". Desde 2019, os dois países realizam voos periódicos com aviões militares na zona de defesa aérea da Coreia do Sul.

Os voos dos bombardeiros foram vistos como uma clara demonstração de força, como apontou o ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, em sua conta no X. O porta-voz do governo japonês, Minoru Kihara, afirmou que Tóquio expressou suas "graves preocupações sobre a segurança nacional" à China e à Rússia, utilizando canais diplomáticos.

Os aviões militares foram detectados antes de entrarem na zona de defesa aérea sul-coreana, uma área mais ampla em que os países monitoram o movimento de aeronaves, mas que não corresponde ao espaço aéreo territorial. Segundo a mídia sul-coreana, que citou um oficial do Estado-Maior Conjunto, a aeronave russa entrou na Zona de Identificação de Defesa Aérea (Kadiz) da Coreia do Sul, próxima à Ilha Ulleung e a Dokdo, enquanto a aeronave chinesa entrou perto de Ieodo.

"Nossas forças armadas responderão ativamente às atividades de aeronaves de países vizinhos no Mar de Kadiz, em conformidade com o direito internacional", afirmou o Ministério da Defesa da Coreia do Sul nesta quarta-feira, ao apresentar a queixa.

Tanto o Japão quanto a Coreia do Sul, assim como a Coreia do Norte, reivindicam o arquipélago de Dokdo, enquanto Ieodo, uma rocha submersa perto da ilha sul-coreana de Jeju, é um ponto de disputa entre Seul e Pequim, que também a incluíram em suas zonas de defesa aérea.

A China confirmou que havia realizado manobras conjuntas com as Forças Armadas russas, conforme seus "planos anuais de cooperação". A Rússia, por sua vez, descreveu o evento como um exercício de rotina, que durou cerca de oito horas.

Desde 2019, aviões militares de ambos os países entraram repetidamente na zona de defesa aérea da Coreia do Sul sem notificação prévia, frequentemente durante exercícios similares. Em março deste ano, a Coreia do Sul também acionou caças quando vários aviões de guerra russos sobrevoaram a zona.

A Rússia não reconhece a zona de defesa aérea da Coreia do Sul, considerando-a uma medida "unilateral" e alegando que ela não impõe obrigações legais a outros países.

(Com informações das agências AFP e O Globo)

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