EUA decidem retirar diplomatas de Cuba após ataques misteriosos
Ataques provocaram perda de audição, náuseas, dores de cabeça e problemas cognitivos em integrantes do Departamento de Estado em Havana
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de setembro de 2017 às 17h10.
Última atualização em 29 de setembro de 2017 às 17h11.
Washington - Os Estados Unidos decidiram retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários de sua embaixada em Cuba , depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição ou de equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça em 21 integrantes do Departamento de Estado em Havana.
Os casos começaram a ser registrados no fim de 2016 e o mais recente deles ocorreu em agosto. Todos eles ocorreram em hotéis e não na embaixada.
A suspeita inicial era a utilização de armas sônicas. Outra possibilidade analisada é o uso de equipamentos de espionagem.
Em briefing telefônico com jornalistas nesta sexta-feira, uma alta autoridade do Departamento de Estado disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo em andamento.
Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com a apuração.
"Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques", disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob a condição de não ser identificado, prática comum no governo americano.
"Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência."
Mais da metade do contingente da embaixada será retirada de Havana. Todos os familiares de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade.
A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. OS EUA também passaram a orientar americanos a não viajarem para a ilha. Muitos dos ataques ocorreram em hotéis, onde cidadãos americanos podem se hospedar.
A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral. O presidente Donald Trump congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou a retirada de sanções à realização de reformas democráticas.
Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais.
Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, a casos relacionados à segurança nacional americana e a operações "cruciais" da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer nos EUA.
As relações diplomáticas com Cuba são mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu "o esforço" do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.