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EUA cria fundo na Suíça para administrar reservas afegãs sem os talibãs

O fundo não lidará, porém, com ajuda humanitária ou salários de funcionários públicos, disseram

Fundo é de verbas congeladas pelos americanos desde que o Talibã voltou ao poder em agosto de 2021 (Dylan Buell/Getty Images)

Fundo é de verbas congeladas pelos americanos desde que o Talibã voltou ao poder em agosto de 2021 (Dylan Buell/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de setembro de 2022 às 12h03.

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (14) a criação de um fundo na Suíça para administrar 3,5 bilhões de dólares de reservas afegãs, congeladas pelos americanos desde que o Talibã voltou ao poder em agosto de 2021. 

O novo fundo localizado em Genebra assumirá funções de banco central, como o pagamento dos serviços da dívida externa afegã e as importações de eletricidade do país, mas no futuro poderá receber outras missões, como impressão de moeda, informaram as autoridades americanas.

O fundo não lidará, porém, com ajuda humanitária ou salários de funcionários públicos, disseram.

Esta decisão acontece após o fracasso das negociações entre o Talibã e o governo dos Estados Unidos para desbloquear cerca de 7 bilhões de dólares congelados há 13 meses nos Estados Unidos.

Em uma carta ao banco central do Afeganistão, o secretário adjunto do Tesouro americano, Wally Adeyemo, repreende o órgão por não demonstrar sua independência dos fundamentalistas islâmicos do Talibã, por não honrar seu compromisso de longa data de financiar a luta contra o terrorismo e por não nomear um observador externo confiável.

"Enquanto essas condições não forem atendidas, enviar ativos ao DAB os colocará em situação de risco inaceitável e comprometerá suas chances de beneficiar o povo afegão", disse Adeyemo, usando a sigla para o banco central afegão.

O fundo em Genebra terá um conselho de quatro membros: dois economistas afegãos sem vínculos com o Talibã indicados por Washington, um representante do governo dos EUA e outro do governo suíço.

Os Estados Unidos disseram que a maioria das reservas será preservada e administrada "com responsabilidade" até que a situação mude, de acordo com um alto funcionário.

Washington congelou US$ 7 bilhões do banco central afegão depositados em Nova York após a queda do governo pró-ocidente em Cabul e a ascensão do Talibã em agosto de 2021.

Em fevereiro, o presidente Joe Biden expressou seu desejo de destinar metade dessas reservas para indenizar as famílias das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Apesar de protestar contra o congelamento, o Talibã abriu negociações com Washington para liberar esses fundos após um terremoto ocorrido em junho no leste do país que causou mais de mil mortes.

Em agosto, essas negociações descarrilaram depois que o exército dos EUA matou o chefe da Al-Qaeda, Ayman Al-Zawahiri, em plena Cabul, o que foi interpretado em Washington como prova de que o Talibã continua mantendo ligações com o grupo extremista islâmico.

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