Kerry: secretário viaja nesta terça para Amã, e seguirá para Jidá, na Arábia Saudita (Chip Somodevilla/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2014 às 18h19.
O secretário de Estado americano, John Kerry, viaja nesta terça-feira para o Oriente Médio tentando receber o apoio dos países árabes a uma ampla coalizão contra o Estado Islâmico, um dia depois da formação de um governo de união no Iraque.
Kerry viaja nesta terça para Amã, e seguirá para Jidá, na Arábia Saudita, onde vai se reunir com os chefes da diplomacia dos seis países do Conselho de Cooperação do Golfo, e os de Iraque, Jordânia, Egito e Turquia.
A reunião prevista para quinta-feira terá como objetivo abordar "a questão do terrorismo na região, as organizações extremistas e os meios para combatê-las", segundo a agência oficial saudita SPA.
O encontro acontecerá após a apresentação, na quarta-feira em Washington, do "plano de ação" do presidente americano Barack Obama contra a organização jihadista, que causaram consternação na comunidade internacional com atos bárbaros, que incluem a decapitação dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff.
Obama falará aos cidadãos às 21h00 locais (22h00 de Brasília) para explicar "a ameaça que o Estado Islâmico representa" e expor seu plano para "enfraquecer e por último destruir o grupo terrorista", indicou a Casa Branca em um comunicado.
Vários países ocidentais apoiaram a iniciativa de Washington, como a França.
O presidente francês, François Hollande, viajará na sexta-feira ao Iraque para preparar a conferência internacional sobre "paz e segurança no Iraque" prevista para 15 de setembro em Paris.
O Egito declarou nesta terça-feira que apoia "politicamente" os Estados Unidos na luta contra o terrorismo do EI.
Cairo advertiu, no entanto, que qualquer medida de segurança "deve ser adotada sob mandato da ONU e como parte de uma resolução do Conselho de Segurança".
Os países da Liga Árabe já haviam manifestado no domingo a determinação de "enfrentar os grupos terroristas", entre eles o EI, que proclamou recentemente um "califado" nos territórios sob seu controle no Iraque e na vizinha Síria.
Washington e Teerã satisfeitos
Muitas capitais, incluindo Washington e Teerã, saudaram nesta terça-feira a etapa importante que representa a formação de um novo governo de união em Bagdá pelo primeiro-ministro Haidar Al-Abadi, que pediu mais uma semana para anunciar os ministros de duas pastas essenciais para a luta contra o EI, a do Interior e a da Defesa.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu que os titulares desses ministérios sejam anunciados o mais rápido possível.
Washington considerou um "marco" a formação deste governo com "o potencial de unir todas as comunidades" do Iraque, enquanto o Irã, que vê com maus olhos o avanço dos jihadistas sunitas no país vizinho, também felicitou Abadi.
Nas frentes de batalha, os aviões americanos mantêm sua campanha de bombardeios contra o EI, iniciada há um mês no norte do Iraque.
Caças e drones efetuaram ataques aéreos na segunda e nesta terça-feira perto da represa de Haditha, na província de maioria sunita de Al-Anbar (oeste), de acordo com o comando militar americano no Oriente Médio e na Ásia Central (Centcom).
Na vizinha Síria, país devastado por mais de três anos de guerra, o novo enviado das Nações Unidas, Staffan de Mistura, chegou a Damasco para realizar sua primeira visita desde a sua nomeação.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), 28 chefes do grupo rebelde islamita Ahrar al-Sham - principal força da Frente Islâmico -, morreram em um atentado na província de Idleb (noroeste da Síria).
Esse grupo luta ao lado dos rebeldes moderados, que combatem ao mesmo tempo o regime do presidente Bashar al-Assad e os ultra-radicais do Estado Islâmico.
Muitos países ocidentais estão preocupados com o saída e o retorno de seus cidadãos da Síria e do Iraque, onde lutam ao lado dos jihadistas do EI.
Neste sentido, os Estados Unidos pediu a seus sócios do Conselho de Segurança da ONU a elaboração de um projeto de resolução que exige dos países a adoção de medidas legislativas para impedir que seus cidadãos se unam a organizações extremistas como o Estado Islâmico.