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EUA: Aumenta a pressão por processo de impeachment contra Donald Trump

Pressão por impeachment de Trump aumentou depois de a Casa Branca voltar a atravancar a investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016

Donald Trump: novos entraves da Casa Branca às investigações de conluio com a Rússia fazem aumentar pressão por processo de impeachment (Carlos Barria/File Photo/Reuters)

Donald Trump: novos entraves da Casa Branca às investigações de conluio com a Rússia fazem aumentar pressão por processo de impeachment (Carlos Barria/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de maio de 2019 às 09h13.

Última atualização em 22 de maio de 2019 às 09h36.

As discussões no Partido Democrata sobre um eventual impeachment de Donald Trump se intensificaram depois que Don McGahn, ex-advogado de Donald Trump, se negou a depor sobre as acusações de obstrução da justiça feitas contra o presidente dos Estados Unidos.

Líderes democratas na Câmara de Representantes têm sofrido pressão de colegas e companheiros de partido para relançar os esforços para um julgamento político depois que a Casa Branca voltou a atravancar a investigação parlamentar sobre a conivência da equipe de campanha do então candidato republicano com a Rússia nas eleições de 2016.

Irritados pela ausência de McGhan, nesta terça-feira, em uma convocação no Congresso, legisladores democratas ameaçaram levar o caso aos tribunais.

McGahn, que entregou ao procurador especial Robert Mueller indícios de que Trump tentou torpedear a investigação de um suposto conluio russo, faltou à convocação da Comissão Judicial da Câmara de Representantes após ser instruído pela Casa Branca.

A negativa de McGahn de comparecer perante o Comitê Judicial foi a mais recente de uma série de manobras da Casa Branca para frustrar as investigações da Câmara, controlada pelos democratas.

Na noite desta terça, os democratas anunciaram uma nova convocação: a de Hope Hicks, ex-assessora de Trump, a quem consideram uma testemunha-chave para suas investigações sobre o presidente.

Hicks deve entregar documentação antes de 4 de junho e se apresentar em uma audiência pública em 19 de junho perante o Comitê Judicial.

Outra ex-funcionária da Casa Branca, Annie Donaldson, chefe de gabinete de Don McGhan, também seria convocada pelos democratas para se apresentar perante o Comitê Judicial em 24 de junho em uma audiência pública.

Referindo-se ao ex-advogado de Trump, a Casa Branca assegura que um ex-assessor presidencial não pode ser obrigado legalmente a depor.

O presidente do Comitê Judicial da Câmara, Jerry Nadler, não concorda com esta argumentação. "Nossas convocações não são opcionais", afirmou.

"Permitam-me ser claro: este comitê escutará o testemunho do senhor McGahn, inclusive se tivermos que recorrer aos tribunais para garanti-lo", advertiu.

Fúria

A porta-voz do Executivo, Sarah Sanders, disse na segunda que a investigação de Mueller sobre o suposto conluio de Trump com a Rússia isentou o presidente, razão pela qual não seria necessário continuar com os depoimentos.

A Casa Branca apelou nesta terça-feira de uma ordem da Corte federal para que os contadores de Trump entreguem suas declarações de impostos a outro comitê da Câmara.

Também negou-se a entregar ao Congresso uma versão completa do relatório de Mueller e os documentos vinculados à investigação.

Repercussão

Diante desta série de atitudes da Presidência, deputados da oposição voltaram à carga para levar Trump a julgamento.

"Devemos iniciar uma investigação para um julgamento político", declarou o representante Mark Pocan, um dos líderes da ala progressista do Partido Democrata.

"Temos que fazer nosso trabalho e nos pronunciar sobre o impeachment", tuitou a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez.

A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que até agora havia rechaçado esta opção, programou uma reunião para a quarta-feira para discutir o tema.

O presidente da Comissão Judicial da Câmara dos Deputados, Jerry Nadler, disse que cada um dos incidentes que McGahn descreveu no informe de Mueller "constituíram um delito" e que o ex-assessor tem que testemunhar no Congresso.

Nadler deixou claro, no entanto, ser favorável a se manter firme na postura do partido de lançar investigações públicas e não avançar em um processo de destituição.

O deputado Steny Hoyer, outra das principais referências na Câmara, se pronunciou no mesmo sentido.

O jornal The Washington Post reportou, no entanto, que na segunda-feira à noite, Nadler, cujo comitê gerenciaria qualquer ação de julgamento político, disse a Pelosi ser favorável a abrir uma investigação de impeachment, o primeiro passo deste processo.

A representante Sheila Jackson Lee, membro do comitê de Nadler, declarou à imprensa que vai apresentar formalmente uma "resolução de investigação" para o julgamento político nas próximas 48 horas.

Mas Hoyer argumentou que seus colegas democratas ainda não estavam prontos para uma iniciativa deste tipo.

"Não acho que haja nenhum democrata que pense que Trump não fez algumas coisas que provavelmente justificam o julgamento político", destacou.

"Tendo dito isto" - completou - "penso que a maioria dos democratas continua acreditando que devemos continuar no caminho em que estivemos".

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