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EUA apoiam autoridades ucranianas ante separatistas

O vice-presidente dos EUA reiterou às autoridades de Kiev o apoio de Washington ante a ameaça separatista no leste do país

O vice-presidente americano, Joe Biden, discursa ao lado do premiê ucraniano, Arseni Yatseniuk: mais cedo, Biden conversou com parlamentares ucranianos (Sergei Supinsky/AFP)

O vice-presidente americano, Joe Biden, discursa ao lado do premiê ucraniano, Arseni Yatseniuk: mais cedo, Biden conversou com parlamentares ucranianos (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2014 às 13h43.

Kiev - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou nesta terça-feira às autoridades de Kiev o apoio de Washington ante a ameaça separatista no leste do país, e pediu à Rússia que retire as tropas da fronteira.

"Mais comportamento provocador levará a maiores custos e mais isolamento", disse Biden em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.

"Chegou o momento de deixar de falar e começar a agir. Precisamos de medidas sem adiamento", completou Biden.

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, afirmou que as ações dos insurgentes pró-Moscou no leste da Ucrânia anulam o acordo de Genebra, que tem por objetivo reduzir a tensão no país.

Ao invés de entregar as armas e abandonar os prédios públicos ocupados, os separatistas invadiram a sede da polícia de Kramatorsk, violando assim o acordo, declarou Turchynov.

"Infelizmente, a Rússia e suas unidades terroristas presentes na Ucrânia se negam ostensivamente a colocar em prática o acordo de Genebra", disse, a respeito do texto assinado na quinta-feira passada por Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia.

A União Europeia, no entanto, pediu nesta terça-feira a aplicação rápida do acordo de Genebra.

"Pedimos a todas as partes que respeitem os termos e as condições do acordo de Genebra. Tudo o que está escrito neste acordo deve ser aplicado", disse Michael Mann, porta-voz do serviço diplomático da UE.

Mais cedo, Biden conversou com parlamentares ucranianos, incluindo alguns candidatos à presidência.

"Vocês enfrentam problemas enormes, inclusive poderia dizer ameaças humilhantes", disse.

O governo dos Estados Unidos "permanece ao lado da Ucrânia" para a eleição presidencial de 25 de maio, que pode ser "a mais importante da história da Ucrânia", completou.

O objetivo da visita é estimular a aplicação urgente do acordo de Genebra.

O acordo prevê, entre outros pontos, o desarmamento dos grupos grupos armados ilegais e a desocupação dos prédios tomados, tanto pelos ativistas pró-Ocidente em Kiev como pelos separatistas no leste.

Rússia disposta a enfrentar novas sanções

Na segunda-feira à noite, no entanto, os separatistas mobilizaram homens armados com fuzis nos acessos à delegacia de Kramatorsk, cidade no meio do caminho entre seu reduto de Slaviansk e Donetsk, capital da autoproclamada "república".


Washington acusa Moscou de manipular a rebelião separatista no leste e ameaça adotar novas sanções.

"É um caminho sem saída", respondeu nesta terça-feira o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev.

"Mas se, mesmo assim, alguns de nossos sócios ocidentais decidirem por isto, não teremos outra opção que enfrentar com nossas próprias forças. E venceremos", completou.

Antes do desembarque de Biden em Kiev, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, trocaram acusações.

Kerry apelou à Rússia para que adote "medidas concretas" e pediu aos separatistas que "abandonem os edifícios ocupados ilegalmente".

Lavrov respondeu que Washington deveria convencer Kiev a respeitar os compromissos e pressionar para "evitar que alguns exaltados provoquem um conflito sangrento".

O Departamento americano de Estado apresentou na segunda-feira imagens fornecidas por Kiev que provam, segundo Washington, que separatistas armados no leste da Ucrânia são, na verdade, militares e oficiais da inteligência russa.

Mas Viacheslav Ponomarev, o "prefeito" autoproclamado de Slaviansk, negou a acusação. No domingo, ele pediu o envio de tropas russas após um tiroteio e decretou um toque de recolher.

Em Lugansk, os separatistas nomearam na segunda-feira um "governador popular" e anunciaram um referendo para 11 de maio que deve decidir se a região permanecerá na Ucrânia ou proclamará a independência, antes de pedir uma eventual anexação à Rússia.

A decisão recorda o que aconteceu na Crimeia, que foi incorporada à Rússia.

Nesta terça-feira as autoridades russas anunciaram a proibição, pelo período de cinco anos, da entrada na Crimeia do líder dos tártaros da região, Mustafa Dzhemilev.

O dirigente tártaro boicotou o referendo organizado em março na Crimeia.

A decisão contra Dzhemilev foi divulgada um dia depois do presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado um decreto de reabilitação dos tártaros da Crimeia, povo que foi deportado por Stalin.

Nesta terça-feira, quando Dzhemilev saiu da Crimeia com destino a Kiev, os guardas de fronteira entregaram um documento que proíbe sua entrada na Federação da Rússia até 19 de abril de 2019, explicou à AFP Lilia Muslimova, da Medkhlis, a assembleia dos tártaros.

"Esta decisão demonstra o tipo de Estado 'civilizado' que temos que enfrentar", reagiu Dzhemilev.

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