EUA ampliam sanções contra a Rússia e visam frear auxílio chinês
Washington endurece medidas para conter elo tecnológico entre os países e dificultar modernização do arsenal militar russo na guerra da Ucrânia
Redator na Exame
Publicado em 13 de junho de 2024 às 06h47.
Os Estados Unidos anunciaram novas sanções financeiras para conter o crescente elo tecnológico entre China e Rússia. A intenção é dificultar a modernização do arsenal militar russo durante a guerra na Ucrânia.
De acordo com o New York Times, as medidas coincidem com a viagem do presidente americano para a reunião do G7 na Itália, onde o enfraquecimento da economia russa será prioridade.Sanções coordenadas pelos departamentos do Tesouro, Estado e Comércio buscam isolar a Rússia do sistema financeiro global e restringir seu acesso à tecnologia bélica.
A China, antes neutra, intensificou o envio de microchips, máquinas-ferramentas, sistemas ópticos para drones e componentes para armamentos avançados. Apesar disso, parece ter acatado a advertência de Biden contra o envio direto de armas à Rússia.
Para conter o auxílio financeiro chinês, os EUA expandiram as "sanções secundárias". Isso permite punir bancos estrangeiros que negociem com instituições russas já sancionadas, desestimulando bancos menores, principalmente chineses, de financiarem a guerra.
O Tesouro também restringiu a Bolsa de Valores de Moscou para impedir aporte de investidores estrangeiros em empresas de defesa russas. Sanções atingiram companhias chinesas acusadas de facilitar o acesso russo a equipamentos militares como eletrônicos, lasers e peças de drones.
Além disso, o Departamento de Estado sancionou cerca de 100 entidades ligadas ao desenvolvimento futuro da produção e exportação russa de energia, metais e mineração. Já o Comércio proibiu exportações americanas para endereços específicos em Hong Kong usados para criar empresas de fachada e direcionar bens proibidos à Rússia.
Apoio chinês
Tentativas anteriores de Biden para limitar suprimentos e financiamento russos foram superestimadas.O valor do rublo, inicialmente previsto para despencar, se recuperou. Embora enfraquecido em relação ao ano passado, a economia russa se expandiu devido à guerra. A China contribuiu para isso comprando petróleo russo com desconto e aumentando a venda de bens de uso duplo, como microeletrônicos e softwares usados em armas, drones e defesas aéreas.
Formou-se assim uma espécie de economia de guerra paralela envolvendo Rússia, China, Irã e Coreia do Norte. Muitas empresas sancionadas estão em Hong Kong ou em Shenzhen, centro manufatureiro chinês.
O governo americano acredita que desta vez conseguirá conter esse aprofundamento das relações comerciais. Com as novas restrições a empresas chinesas, os EUA buscam incentivar governos europeus e asiáticos a adotarem medidas similares. A questão será discutida em cúpulas futuras.
O secretário de Estado, Antony Blinken, alertou a China que não poderá ter relações amigáveis com a Europa se apoiar a indústria de defesa russa.Segundo ele, 70% das máquinas-ferramenta e 90% dos microeletrônicos russos vêm da China.