Acidente na Etiópia: Pilotos lutaram para salvar avião, diz relatório
Investigações sobre queda do Boeing 737 MAX na Etiópia mostra que equipe seguiu orientações da Boeing, ainda assim não conseguiu evitar acidente
EFE
Publicado em 4 de abril de 2019 às 06h24.
Última atualização em 4 de abril de 2019 às 11h52.
Adis Abeba — Os pilotos da Ethiopian Airlines seguiram os devidos procedimentos quando o avião Boeing 737 MAX 8 que comandavam mergulhou diversas vezes antes de cair em 10 de março, matando 157 pessoas, disse nesta quinta-feira, 4, a ministra dos Transportes da Etiópia , ao apresentar o primeiro relatório oficial sobre o desastre.
"A tripulação realizou repetidamente todos os procedimentos orientados pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave", disse a ministra Dagmawit Moges em uma coletiva de imprensa na capital Adis Abeba.
Alinhado às regras internacionais para acidentes aéreos, o relatório preliminar não apontou culpados, nem forneceu uma análise detalhada do voo, o que deve exigir vários meses até a emissão de um relatório final -- que por sua vez deve levar um ano.
Como sinal claro de onde os investigadores etíopes estão concentrando a atenção, o relatório absolveu os pilotos da aplicação de procedimentos incorretos e emitiu duas recomendações dirigidas à fabricante Boeing e às agências reguladoras.
Eles sugeriram que a Boeing revise o sistema de controle da aeronave e que as autoridades aeroviárias confirmem se o problema foi resolvido antes de permitir que o modelo de avião volte a ser usado. Sua operação foi suspensa em todo o mundo após a queda, o segundo acidente fatal do novo modelo em seis meses na esteira de um acidente da Lion Air na Indonésia em outubro que matou 189 pessoas.
"Como foram observadas condições de mergulho de nariz involuntárias e repetitivas... recomenda-se que o sistema de controle da aeronave seja revisado pelo fabricante", disse Dagmawit.
A Ethiopian Airlines disse que sua tripulação seguiu todas as diretrizes corretas para lidar com uma emergência difícil.
Mas o relatório pode provocar um debate com Boeing sobre como a tripulação reagiu a problemas desencadeados por dados imprecisos de um sensor de caudal de ar, particularmente se estabilizaram o avião antes de desligar programas essenciais.
A Boeing disse que estudará o relatório.
Familiares das vítimas, agências reguladoras e viajantes de todo o globo estão esperando pistas do acidente, ocorrido seis minutos após a decolagem.
O relatório preliminar sobre o desastre da Lion Air disse que os pilotos perderam o controle depois de se atrapalharem com o programa Sistema de Aumento das Características de Manobras (MCAS), novo mecanismo antiestol automatizado que baixou o nariz do avião várias vezes com base em dados imprecisos de um sensor.