Tedros Adhanom: ele prometeu que "colocará a transparência no coração da OMS" (Denis Balibouse/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de maio de 2017 às 14h56.
Última atualização em 23 de maio de 2017 às 16h03.
O ex-ministro etíope da Saúde Tedros Adhanom foi eleito nesta terça-feira novo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), superando em votos o britânico David Nabarro e a paquistanesa Sania Nishtar.
Esta é a primeira vez que um africano irá dirigir a OMS, uma das agências mais poderosas das Nações Unidas.
"É um dia histórico para a Etiópia e para a África", comemorou o embaixador etíope na ONU, Negash Kibret.
O novo chefe da OMS assumirá o cargo em 1º de julho, substituindo a chinesa Margaret Chan, que dirigiu a instituição por 10 anos.
O ex-ministro da Saúde etíope e pesquisador renomado sobre a malária, de 52 anos, liderou o primeiro e segundo turno, mas sem obter a maioria dos dois terços dos votos necessários.
Seu adversário David Nabarro, de 67 anos, foi enviado especial da ONU para a luta contra o ebola.
No primeiro turno, três eram os candidatos. Mas aquele que obteve menos votos foi eliminado. Esta era a cardiologista e ex-ministra da Saúde paquistanesa Sania Nishtar.
OMS transparente
Esta é a primeira vez que três candidatos competem para se tornar diretor-geral da OMS, uma instituição criticada por sua falta de transparência.
Anteriormente, apenas o nome de um único candidato, proposto pelo Conselho Executivo da OMS, era submetido à votação da Assembleia Mundial da Saúde.
Tedros vai dirigir uma agência particularmente criticada por sua falta de discernimento sobre a gravidade da epidemia de ebola no oeste africano entre o final de 2013 e 2016, que deixou mais de 11.300 mortos.
A chinesa Margaret Chan reconheceu na segunda-feira em um discurso na Assembleia Mundial da Saúde, que reúne uma vez por ano os países-membros da OMS, que a epidemia "apanhou todo o mundo, incluindo a OMS, de surpresa".
Ao apresentar a sua candidatura e seu programa, Tedros Adhanom Ghebreyesus contou ter perdido, quando era criança, um irmão que não havia recebido os medicamentos necessários. Ele então afirmou que "se recusava a aceitar que pessoas morram porque são pobres".
"Faço as seguintes promessas: trabalhar incansavelmente para cumprir a promessa de garantir a cobertura universal da saúde e garantir que haja fortes respostas em situações de emergência", declarou.
Além disso, o médico etíope indicou que vai fortalecer "a saúde e a autonomia dos países" e "colocará a transparência no coração da OMS".
Durante a seleção de uma lista de 6 candidatos dos 3 finalistas em janeiro, Tedros já liderava as intenções de voto, à frente de Nishtar e Nabarro.
Tedros, que também foi ministro das Relações Exteriores de seu país, era apoiado pela União Africana.
A OMS coordena as respostas a pandemias e estabelece normas para os sistemas de saúde em todos os países.
"O novo diretor-geral deve continuar a trabalhar para que a OMS se torne mais eficiente e transparente. A OMS deve ser transparente sobre como utiliza seus recursos e seus resultados", declarou o secretário da Saúde dos Estados Unidos Tom Pricese em Genebra.
Primeira ONG a reagir a esta eleição, a Gavi, the Vaccine Alliance saudou a eleição de Tedros, ex-membro do seu conselho administrativo.
"Eu gostaria de expressar meus sinceros parabéns ao Dr. Tedros", declarou Seth Berkley, diretor executivo da Gavi, the Vaccine Alliance.