Estudo mostra importância de polinizadores na biodiversidade
Livro destaca preocupação com os polinizadores, cujo declínio tem consequências desastrosas tanto para a biodiversidade como para o agronegócio
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2012 às 11h54.
São Paulo - Por terem um papel crítico na conservação da biodiversidade e na agricultura , os agentes polinizadores são uma preocupação mundial. Sistematizar o conhecimento adquirido sobre o tema no Brasil, nos últimos anos, é o objetivo do livro Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, que será lançado nesta quinta-feira (26/07), durante o 10º Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, na cidade do interior paulista.
Produzido pelo Grupo de Pesquisa de Serviços Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), o livro é resultado de pesquisas que envolveram 85 pesquisadores de 36 instituições científicas, com a finalidade de conhecer a situação dos polinizadores do Brasil, seu impacto na agricultura, na biodiversidade e no agronegócio.
A publicação deriva de estudos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Fundo Setorial do Agronegócio. Essas pesquisas, por sua vez, tiveram base nos resultados do Projeto Temático “Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini”, coordenado por Vera Lucia Imperatriz Fonseca e realizado no âmbito do programa BIOTA-Fapesp.
Coordenadora do Grupo do IEA, Fonseca também liderou a organização do livro. Os outros organizadores e vice-coordenadores do grupo são Antonio Mauro Saraiva, da Escola Politécnica da USP, e Dora Ann Lange Canhos, do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). Fonseca atualmente é professora visitante sênior na Universidade Federal Rural do Semiárido.
“O Projeto Temático, encerrado em 2010, foi muito bem-sucedido e, além de possibilitar a formação de pessoal especializado, até hoje apresenta resultados na forma de publicações e teses. O livro é o primeiro documento em português que aborda o conhecimento atualizado sobre polinizadores no Brasil, tanto em áreas naturais como em agroecossistemas”, disse Fonseca.
A qualidade da pesquisa realizada no Temático, segundo Fonseca, foi reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ganhando uma menção honrosa da edição 2011 do Prêmio Capes de Tese Edição e duas indicações para a edição de 2012.
Segundo Fonseca, a preocupação mundial com os polinizadores tem aumentado, uma vez que o seu declínio tem consequências desastrosas tanto para a biodiversidade como para o agronegócio.
Os riscos de perda dos serviços de polinização são especialmente graves quando a agricultura é dependente de uma espécie de polinizador. “O livro está sendo publicado em um momento importante, no qual o desaparecimento das abelhas começa a ser notado também no Brasil”, disse Fonseca.
Segundo ela, o desaparecimento das abelhas foi detectado em 2007 no hemisfério Norte. Na América do Norte, a perda tem sido de 30% das colônias por ano, com necessidade de importação de abelhas para promover a polinização na agricultura. Na Comunidade Europeia, a perda também é expressiva e preocupante. No Brasil, os primeiros casos foram detectados em 2011.
“O livro tem o objetivo de apresentar o tema com foco no Brasil, mas com um resumo da situação global, incluindo uma proposta de estratégia de desenvolvimento da área para o Brasil”, disse Fonseca.
Ação humana
Segundo Fonseca, o livro não esgota o assunto, mas representa uma mobilização sem precedentes da comunidade brasileira de estudos sobre abelhas e polinizadores. “Além dos resultados das nossas pesquisas, o livro também tem o objetivo de formular uma política pública para polinizadores”, disse.
Temas como a importância da paisagem agrícola na manutenção dos serviços dos polinizadores e a necessidade de aumentar o número de coleções biológicas para o estudo da fauna de abelhas são alguns dos destaques do livro. A obra aborda também espécies invasoras e o efeito das ações antrópicas sobre a conservação e uso dos polinizadores.
“Outro destaque é a questão do desaparecimento das abelhas, que permeia todo o livro. O conhecimento começa a avançar nessa área e o livro mostra como esse desaparecimento pode ter ligação com alterações comportamentais humanas – como aumento do uso de pesticidas – e alterações climáticas que podem fragmentar populações desses animais”, explicou Fonseca.
A primeira parte do livro consiste em um estudo da conservação de biomas e as síndromes de polinização e polinizadores vertebrados, apresentando uma lista inédita desses agentes reunida por especialistas brasileiros.
“Nas partes subsequentes, temos uma série de artigos que tratam de polinizadores como besouros e mariposas, mas concentram-se nas abelhas, os polinizadores mais manejados para a agricultura”, disse Fonseca.
Os artigos tratam também de bases de dados de plantas e polinizadores, dos métodos de avaliação de biodiversidade, das coleções de polinizadores e informatização dos acervos, da construção de palinotecas (coleção de grãos de pólen) e sua importância para manejo de polinizadores.
“O livro apresenta ainda uma série de estudos de caso que utilizam a modelagem preditiva como método de comunicação com os tomadores de decisão, abordando eventos climáticos previstos pelo IPCC. Toda a parte de modelagem foi desenvolvida no Projeto Temático”, disse Fonseca.
Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais
Organizadores: Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Antonio Mauro Saraiva e Dora Ann Lange Canhos.
Lançamento: 2012
Preço: R$ 130
Páginas: 488
São Paulo - Por terem um papel crítico na conservação da biodiversidade e na agricultura , os agentes polinizadores são uma preocupação mundial. Sistematizar o conhecimento adquirido sobre o tema no Brasil, nos últimos anos, é o objetivo do livro Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, que será lançado nesta quinta-feira (26/07), durante o 10º Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, na cidade do interior paulista.
Produzido pelo Grupo de Pesquisa de Serviços Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), o livro é resultado de pesquisas que envolveram 85 pesquisadores de 36 instituições científicas, com a finalidade de conhecer a situação dos polinizadores do Brasil, seu impacto na agricultura, na biodiversidade e no agronegócio.
A publicação deriva de estudos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Fundo Setorial do Agronegócio. Essas pesquisas, por sua vez, tiveram base nos resultados do Projeto Temático “Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini”, coordenado por Vera Lucia Imperatriz Fonseca e realizado no âmbito do programa BIOTA-Fapesp.
Coordenadora do Grupo do IEA, Fonseca também liderou a organização do livro. Os outros organizadores e vice-coordenadores do grupo são Antonio Mauro Saraiva, da Escola Politécnica da USP, e Dora Ann Lange Canhos, do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). Fonseca atualmente é professora visitante sênior na Universidade Federal Rural do Semiárido.
“O Projeto Temático, encerrado em 2010, foi muito bem-sucedido e, além de possibilitar a formação de pessoal especializado, até hoje apresenta resultados na forma de publicações e teses. O livro é o primeiro documento em português que aborda o conhecimento atualizado sobre polinizadores no Brasil, tanto em áreas naturais como em agroecossistemas”, disse Fonseca.
A qualidade da pesquisa realizada no Temático, segundo Fonseca, foi reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ganhando uma menção honrosa da edição 2011 do Prêmio Capes de Tese Edição e duas indicações para a edição de 2012.
Segundo Fonseca, a preocupação mundial com os polinizadores tem aumentado, uma vez que o seu declínio tem consequências desastrosas tanto para a biodiversidade como para o agronegócio.
Os riscos de perda dos serviços de polinização são especialmente graves quando a agricultura é dependente de uma espécie de polinizador. “O livro está sendo publicado em um momento importante, no qual o desaparecimento das abelhas começa a ser notado também no Brasil”, disse Fonseca.
Segundo ela, o desaparecimento das abelhas foi detectado em 2007 no hemisfério Norte. Na América do Norte, a perda tem sido de 30% das colônias por ano, com necessidade de importação de abelhas para promover a polinização na agricultura. Na Comunidade Europeia, a perda também é expressiva e preocupante. No Brasil, os primeiros casos foram detectados em 2011.
“O livro tem o objetivo de apresentar o tema com foco no Brasil, mas com um resumo da situação global, incluindo uma proposta de estratégia de desenvolvimento da área para o Brasil”, disse Fonseca.
Ação humana
Segundo Fonseca, o livro não esgota o assunto, mas representa uma mobilização sem precedentes da comunidade brasileira de estudos sobre abelhas e polinizadores. “Além dos resultados das nossas pesquisas, o livro também tem o objetivo de formular uma política pública para polinizadores”, disse.
Temas como a importância da paisagem agrícola na manutenção dos serviços dos polinizadores e a necessidade de aumentar o número de coleções biológicas para o estudo da fauna de abelhas são alguns dos destaques do livro. A obra aborda também espécies invasoras e o efeito das ações antrópicas sobre a conservação e uso dos polinizadores.
“Outro destaque é a questão do desaparecimento das abelhas, que permeia todo o livro. O conhecimento começa a avançar nessa área e o livro mostra como esse desaparecimento pode ter ligação com alterações comportamentais humanas – como aumento do uso de pesticidas – e alterações climáticas que podem fragmentar populações desses animais”, explicou Fonseca.
A primeira parte do livro consiste em um estudo da conservação de biomas e as síndromes de polinização e polinizadores vertebrados, apresentando uma lista inédita desses agentes reunida por especialistas brasileiros.
“Nas partes subsequentes, temos uma série de artigos que tratam de polinizadores como besouros e mariposas, mas concentram-se nas abelhas, os polinizadores mais manejados para a agricultura”, disse Fonseca.
Os artigos tratam também de bases de dados de plantas e polinizadores, dos métodos de avaliação de biodiversidade, das coleções de polinizadores e informatização dos acervos, da construção de palinotecas (coleção de grãos de pólen) e sua importância para manejo de polinizadores.
“O livro apresenta ainda uma série de estudos de caso que utilizam a modelagem preditiva como método de comunicação com os tomadores de decisão, abordando eventos climáticos previstos pelo IPCC. Toda a parte de modelagem foi desenvolvida no Projeto Temático”, disse Fonseca.
Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais
Organizadores: Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Antonio Mauro Saraiva e Dora Ann Lange Canhos.
Lançamento: 2012
Preço: R$ 130
Páginas: 488