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Estudo diz que antepassados de Orwell tinham escravos

Os documentos históricos elevam a 12,5 milhões o número de pessoas que foram transportadas como escravos da África para a América desde o século XVI


	George Orwell: o autor de "1984", cujo nome real era Eric Blair, era tataraneto de Charles Blair, um escocês que fez fortuna na Jamaica, onde possuía 218 escravos.
 (Wikimedia Commons)

George Orwell: o autor de "1984", cujo nome real era Eric Blair, era tataraneto de Charles Blair, um escocês que fez fortuna na Jamaica, onde possuía 218 escravos. (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2013 às 14h56.

Londres - Os antepassados do escritor britânico George Orwell pertenceram a uma das 3.000 famílias que receberam uma indenização após a abolição da escravidão no Reino Unido, segundo uma pesquisa docente publicada nesta quarta-feira.

O autor de "1984", cujo nome real era Eric Blair, era tataraneto de Charles Blair, um escocês que fez fortuna na Jamaica, onde possuía 218 escravos, antes de entrar totalmente na aristocracia inglesa.

O centro University College de Londres publicou hoje uma base de dados que dá detalhes dos pagamentos realizados às 3.000 famílias envolvidas com a escravidão no Caribe, nas ilhas Maurício e em uma região da atual África do Sul, em um total de 20 milhões de libras da época, o equivalente a R$ 5,151 milhões atuais.

"O grande descobrimento é que a posse de escravos no colonialismo britânico foi muito mais significativa do que até agora reconhecida", afirmou a diretora da pesquisa, Catherine Hall, à "BBC".

Os documentos históricos elevam a 12,5 milhões o número de pessoas que foram transportadas como escravos da África para a América desde o século XVI até que esse tráfico foi proibido em 1807, embora tenha sido apenas em 1833 que o parlamento britânico aboliu definitivamente a escravidão.

Outras figuras com antepassados relacionados com a escravidão são o atual primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e o romancista Graham Greene, autor de "O Terceiro Homem", segundo o estudo divulgado nesta quarta-feira.

"A escravidão foi esquecida na história britânica. Foi lembrada mais a sua abolição do que o tráfico de escravos, e muita gente não conhece o passado do colonialismo em relação à escravidão", disse Hall.


A pesquisadora, também professora de história moderna, ressaltou que as solicitações para receber uma compensação vieram de todos os pontos do Reino Unido, com um "surpreendente" número de donos de escravos vindos da Escócia.

Apesar de a maioria dos nomes indenizados corresponderem a homens, a pesquisa também revela uma grande quantidade de mulheres que possuíam grandes fortunas, sobretudo no Caribe.

"Há poucas mulheres ricas, porque as mulheres casadas tinham muitas dificuldades para manter sua propriedade, por isso a maioria das que aparecem são solteiras e viúvas", explicou Hall. 

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