Mundo

Estudo aponta que excisões e mutilações sexuais estão em queda na África

Segundo estimativas da Unicef, 200 milhões de mulheres e crianças em todo mundo foram sexualmente mutiladas

Mulher que sofreu circuncisão: Mais de 3 milhões de meninas na África correm risco de mutilação a cada ano (Jessica Lea/DFID/Flickr)

Mulher que sofreu circuncisão: Mais de 3 milhões de meninas na África correm risco de mutilação a cada ano (Jessica Lea/DFID/Flickr)

A

AFP

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 11h52.

Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 12h53.

Ainda generalizadas na África, as excisões e mutilações sexuais estão significativamente em queda entre crianças de 0 a 14 anos, graças às campanhas de conscientização e apesar das disparidades entre os países - aponta um estudo publicado na revista BMJ Global Health.

O estudo baseado em dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra, por um lado, um declínio encorajador nessas práticas mutilantes na África Oriental (-7,3% por ano entre 1995 e 2014).

Por outro, a taxa de declínio dessas práticas é mais lenta no Norte da África (-4,4% ao ano entre 1990 e 2015) e na África Ocidental (-3% ao ano entre 1996 e 2017).

E, no Oriente Médio, houve um aumento (+13,7% entre 1997 e 2013). Neste caso, os estudos foram realizados em apenas dois países: Iraque e Iêmen.

Segundo estimativas da Unicef, 200 milhões de mulheres e crianças em todo mundo foram sexualmente mutiladas.

Os números disponíveis mostram que essas práticas são particularmente preocupantes na África e nos países do Oriente Médio, principalmente no Iraque e no Iêmen.

Os estudos também apontam para a existência dessas práticas na Índia, Indonésia, Israel, Malásia, Tailândia e Emirados Árabes Unidos. Devido à migração, regiões como a Europa e as Américas do Norte e do Sul não estão imunes.

Mais de 3 milhões de meninas na África correm risco de mutilação a cada ano.

Em alguns países - Mali, Mauritânia, Gâmbia, Guiné-Bissau, Djibuti e Sudão -, mais de 40% das crianças de 0 a 14 anos são submetidas à mutilação genital a cada ano.

O estudo apela para a manutenção de campanhas, com o objetivo de convencer as populações a abandonarem as práticas com consequências "devastadoras" em termos de saúde sexual e psicológica, assim como de torná-la um importante problema de saúde pública.

O declínio observado é uma boa notícia, mas é preciso cautela: pode haver uma subnotificação por parte de populações em países onde as mutilações são proibidas por medo de punição.

"É crucial que a abordagem puramente estatística seja acompanhada por uma análise precisa das mudanças de atitudes em relação à mutilação genital nesses países", argumenta Naana Otoo-Oyortey, chefe da associação Forward.

Além disso, a faixa etária considerada não inclui o intervalo de 15 a 19 anos, diz a Forward.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCriançasMulheresONU

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia