Mundo

Estudantes protestam após prisão de líder da Irmandade

Vice-líder do Partido da Liberdade e Justiça, o braço político da Irmandade, foi detido em uma residência em Novo Cairo

Protestos no Egito: estudantes quebraram vidros, arremessaram cadeiras e picharam as paredes de um prédio administrativo (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

Protestos no Egito: estudantes quebraram vidros, arremessaram cadeiras e picharam as paredes de um prédio administrativo (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 13h25.

Cairo - A polícia egípcia lançou gás lacrimogêneo contra manifestantes que protestavam nesta quarta-feira na universidade al-Azhar, no Cairo, horas depois de as autoridades anunciarem a prisão de um líder da Irmandade Muçulmana, Essam El-Erian, como parte de uma ação repressiva contra o movimento islâmico.

Erian, vice-líder do Partido da Liberdade e Justiça, o braço político da Irmandade, foi detido em uma residência em Novo Cairo, onde estava escondido, disse à Reuters uma fonte do Ministério do Interior.

No principal campus da universidade al-Azhar, estudantes quebraram vidros, arremessaram cadeiras e picharam as paredes de um prédio administrativo.

"Sisi é um cachorro. Abaixo, abaixo o lorde do Exército", rabiscou um manifestante, referindo-se ao chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, que liderou a derrubada do presidente deposto Mohamed Mursi, membro da Irmandade.

Um policial gritou: "Prendam qualquer um que vocês virem. Tragam-me esses garotos. Se vocês virem alguém, simplesmente prendam imediatamente".

Alunos da principal instituição do Egito para estudos islâmicos vêm realizando protestos há semanas em apoio a Mursi, que foi destituído pelo Exército em julho após protestos em massa contra seu governo. As manifestações na universidade al-Azhar são uma questão delicada, porque historicamente se trata de uma instituição que segue a linha governamental.

Muitos líderes da Irmandade foram presos desde a derrubada de Mursi, o primeiro presidente escolhido em eleições livres no Egito. Mursi, Erian e outros 13 dirigentes da Irmandade deverão ir a julgamento na segunda-feira, pela acusação de incitamento à violência.


As acusações estão relacionadas com a morte de cerca de uma dezena de pessoas em confrontos diante do palácio presidencial, em dezembro, depois de Mursi ter deixado os manifestantes enfurecidos ao baixar um decreto aumentando os seus poderes.

O julgamento de três dirigentes da Irmandade pelo delito de incitar a violência foi suspenso na terça-feira, depois de o juiz ter se retirado do caso por motivos não explicados.

Os julgamentos provavelmente vão provocar mais revolta no Egito, que tem um tratado de paz com Israel e controla o Canal de Suez, uma rota vital para o comércio mundial.

A Irmandade exige a recondução de Mursi ao cargo e acusa o Exército de ter dado um golpe que sabotou avanços democráticos no país desde que um levante popular derrubou o presidente autocrata Hosni Mubarak, em 2011.

Pelo menos mil pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas na violência que se seguiu à destituição de Mursi. Centenas de seus partidários morreram quando a polícia invadiu dois acampamentos de manifestantes, em 14 de agosto.

Em setembro, uma corte egípcia baniu a Irmandade e tomou seus recursos para tentar esmagar o movimento, que o governo acusa de incitar o terrorismo.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoIrmandade MuçulmanaPrisões

Mais de Mundo

Venezuela: entenda por que a comunidade internacional desconfia de vitória de Maduro

Milei diz que Argentina "não reconhecerá outra fraude” na Venezuela

Mulher rouba mais de US$ 100 milhões de militares dos EUA

Enquanto CNE dá vitória a Maduro, oposição da Venezuela fala que não teve acesso a apuração de votos

Mais na Exame