Mundo

Esquerda da América do Sul ganha fôlego com vitória no Equador

Vitória de Lenín Moreno foi um impulso para os movimentos de esquerda na América do Sul, que perderam espaço em países como Brasil e Argentina

Lenin Moreno: ex-vice presidente do Equador obteve 51,15 por cento dos votos (Mariana Bazo/Reuters)

Lenin Moreno: ex-vice presidente do Equador obteve 51,15 por cento dos votos (Mariana Bazo/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 3 de abril de 2017 às 12h05.

Última atualização em 3 de abril de 2017 às 12h05.

Quito - O candidato de esquerda Lenín Moreno comemorou sua vitória na eleição presidencial do Equador nesta segunda-feira, contrariando a atual inclinação da América do Sul à direita, mas seu adversário conservador exigiu uma recontagem de votos enquanto alguns de seus partidários foram às ruas para protestar.

O triunfo de Moreno foi um alívio para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, já que o ex-banqueiro Guillermo Lasso tinha prometido retirá-lo da embaixada equatoriana em Londres se vencesse o segundo turno.

O resultado também foi um impulso para os fragilizados movimentos de esquerda na América do Sul, já que recentemente governos de perfil mais à direita assumiram na Argentina, no Brasil e no Peru em um cenário de retração nas commodities, economias em crise e escândalos de corrupção crescentes.

Nicolás Maduro, presidente da combalida Venezuela e líder socialista de destaque na região, parabenizou Moreno com entusiasmo no Twitter, assim como o presidente boliviano, Evo Morales.

"Parabéns, Equador, a revolução cidadã triunfou!", escreveu Maduro, assim como boa parte de seu gabinete. "O socialismo do século 21 sempre triunfa", tuitou Morales. "Parabéns irmão @Lenin!".

Lasso prometeu denunciar Maduro, que rivais dizem ter transformado seu país em uma ditadura.

O ex-vice presidente paraplégico Moreno obteve 51,15 por cento dos votos, e Lasso 48,85 por cento, com quase 99 por cento das urnas apuradas, informou o Conselho Nacional Eleitoral na manhã desta segunda-feira.

Lasso, que havia proclamado sua vitória baseado em uma pesquisa de boca de urna, questionou os resultados, que vão prolongar o comando de uma década da esquerda na nação rica em petróleo.

"Eles ultrapassaram um limite", disse ele a seus apoiadores em um hotel de Guayaquil, sua cidade-natal, no domingo, prometendo contestar o desfecho da eleição, um processo complexo que pode levar tempo.

"Iremos defender a vontade do povo equatoriano diante desta tentativa de fraude".

O candidato opositor tuitou fotos mostrando o que disse ser votos originais em sua chapa que foram alterados por autoridades eleitorais, que negaram as alegações de fraude.

Lasso contrastou a apuração rápida de domingo com o primeiro turno de fevereiro, quando o resultado final demorou dias.

Centenas de seus apoiadores se reuniram diante do escritório do Conselho Nacional Eleitoral na capital, Quito, e em Guayaquil, empunhando bandeiras do Equador e entoando "Não à fraude!" e "Não queremos ser a Venezuela!".

Houve relatos de confrontos isolados, mas os protestos diminuíram à medida que a noite chegou e as pessoas voltaram para casa.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEleiçõesEquadorPolítica

Mais de Mundo

Milei denuncia 'corridas cambiais' contra seu governo e acusa FMI de ter 'más intenções'

Tiro de raspão causou ferida de 2 cm em orelha de Trump, diz ex-médico da Casa Branca

Trump diz que 'ama Elon Musk' em 1º comício após atentado; assista aqui

Israel bombardeia cidade do Iêmen após ataque de rebeldes huthis a Tel Aviv

Mais na Exame