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Esposas exigem explicações sobre soldados russos

Dezenas de esposas de soldados russos se reuniram para exigir explicações das autoridades russas sobre o destino de seus maridos


	Mães e esposas de soldados capturados na Ucrânia reúnem-se perto de base militar
 (Dmitry Serebryakov/AFP)

Mães e esposas de soldados capturados na Ucrânia reúnem-se perto de base militar (Dmitry Serebryakov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 14h58.

Kostroma - Dezenas de esposas de soldados russos se reuniram nesta quinta-feira para exigir explicações das autoridades russas sobre o destino de seus maridos, enquanto se multiplicam as denúncias de uma intervenção militar russa na Ucrânia.

As jovens mulheres, em sua maioria com idades entre 20 e 30 anos - algumas acompanhadas por crianças de colo -, reuniram-se perto da base militar do 331º Regimento da 98º Divisão Aerotransportada, em Kostroma, 330 km ao norte de Moscou.

Mas autoridades russas proibiram sua aproximação e a exibição de faixas, declarou à AFP Valeria Solokova, esposa de um dos soldados do regimento.

Com cerca de 350 companheiros e outros 50 soldados da base de Ivanovo, o marido de Solokova foi enviado para participar de exercícios militares na fronteira entre Rússia e Ucrânia, mas não entrou em contato com a família desde então.

No início desta semana, quinze soldados retornaram, todos feridos, outros em caixões, disse ela. Seu marido não está nem na lista de mortos nem na de feridos.

"Um avião cargueiro chegou em Kostroma ontem", relatou Sokolova, referindo-se ao código militar usado para se referir ao corpo de um soldado morto.

"Eu voltarei"

Não há informações sobre o destino dos soldados que partiram de Kostroma, e os comandantes do regimento recusam-se a confirmar que eles estão lutando na Ucrânia.

"A única coisa que eles estão dispostos a nos dizer é que não estão na Rússia", lamenta Sokolova.

De acordo com a presidente da Comissão de Mães de Soldados russos, Valentina Melnikova - citada nesta quinta-feira pela rede de televisão Dojd -, cerca de 15.000 soldados russos estão combatendo na Ucrânia ao lado dos separatistas pró-russos.

A Rússia sempre negou as acusações de Kiev e das potências ocidentais, segundo as quais teria enviado homens para lutar ao lado dos separatistas no leste da Ucrânia.

Kiev e Washington acusaram nesta quinta-feira a Rússia de uma intervenção direta no leste da Ucrânia, assolado por violentos combates.

Vários meios de comunicação russos independentes relataram o funeral de dois paraquedistas realizado em segredo no norte da Rússia, citando parentes que afirmaram que eles tinham sido mortos na Ucrânia, para onde a Rússia nega ter enviado tropas.

"Estas informações estão sendo atualmente verificadas pelas autoridades competentes", limitou-se a dizer na quarta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência oficial de notícias Itar-Tass.

Na última conversa por telefone com a esposa, o marido de Sokolova disse que tinha sido obrigado a deixar sua base em um caminhão, com roupas de inverno, enquanto seus companheiros foram "em um tanque", mas não especificou o seu destino.

"Ele me disse: "Eu voltarei, eu te amo"", lembra Sokolova, que ficou espantada com a emoção incomum com a qual o marido pronunciou essas palavras.

"Seus filhos ficarão orgulhosos"

Em um dos portões da base militar, um homem em trajes civis, tentava tranquilizar as esposas e mães de soldados.

"Seus filhos vão se orgulhar do pai", disse a uma delas, recusando-se a falar com a imprensa. "São combatentes russos honestos".

Olga Garina, mãe do soldado Igor Potchoiev, disse à AFP por telefone que seu filho estava "em um centro de detenção em Kiev", indicando que ele participava de um exercício militar, mas que acabou entrando na Ucrânia.

Kiev anunciou no início desta semana a captura de dez paraquedistas russos em seu território, a cerca de vinte quilômetros da fronteira. "Um acidente", disse uma fonte militar russa às agências de notícias.

Moscou enviou um grande número de soldados à Crimeia antes de sua incorporação em março, negando sua presença em um primeiro momento.

Essa posição lembrou a postura dos soviéticos durante a invasão do Afeganistão em 1979, quando a URSS também havia se negado a admitir durante meses que estava envolvida em uma guerra naquele país.

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