Esposa de Netanyahu é declarada culpada por uso indevido de fundo público
Sara Netanyahu alegou falsamente não ter cozinheiro na residência oficial, mas assumiu ter gasto 175 mil shekels (cerca de 44 mil euros) sem autorização
AFP
Publicado em 16 de junho de 2019 às 10h48.
A esposa do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Sara, foi reconhecida culpada, neste domingo (16), pelo uso indevido de fundos públicos no âmbito de um acordo com a Justiça e que prevê uma redução das acusações contra ela.
Sara Netanyahu foi indiciada por fraude e abuso de confiança em junho de 2018 por supostamente usar quase US$ 100.000 de recursos públicos para pagar refeições, alegando falsamente não ter cozinheiro na residência oficial do primeiro-ministro.
Seu processo começou em outubro de 2018.
Sara Netanyahu chegou a um acordo com o procurador e reconheceu ter gasto 175.000 shekels (cerca de 44.000 euros) sem autorização.
Ela concordou em devolver ao Estado 45.000 shekels (11.110 euros) e pagar 10.000 shekels (2.480 euros) de multa.
Em troca, as acusações de fraude às custas do Estado, que podem levar a uma penalidade maior, foram retiradas. Sendo mantida apenas a mais leve, a de se beneficiar do erro cometido por uma terceira pessoa, de acordo com os termos da lei. O acordo foi aceito pelo tribunal de Jerusalém neste domingo.
De acordo com a ata de acusação, Sara Netanyahu era suspeita de ter encomendado entre setembro de 2010 e março de 2013, para ela, seus familiares e convidados, centenas de refeições em vários estabelecimentos de renome em Jerusalém.
A esposa do primeiro-ministro, de 60 anos, negou qualquer irregularidade durante o processo.
Um recurso contra este acordo chegou a ser apresentado no Supremo Tribunal por um jornalista do jornal Haaretz.
Sara Netanyahu enfrentou outras acusações no passado. Em 2016, um tribunal de Jerusalém concedeu indenização a um ex-mordomo de Benjamin Netanyahu que havia acusado o primeiro-ministro israelense e sua esposa de maus-tratos.
O chefe do governo de Israel, 69 anos, dos quais 13 no poder, será ouvido em outubro pela Justiça por acusações de "corrupção", "fraude" e "quebra de confiança" em outros três casos.
O primeiro-ministro alega inocência e denuncia uma "caça às bruxas" contra ele e sua família.
No caso principal, a investigação diz respeito à suspeita de favores do governo em favor do Bezeq, o maior grupo de telecomunicações israelense, em troca de uma cobertura favorável a Netanyahu da parte do Walla, um site de informações de propriedade do CEO da Bezeq.
Em outro caso, a polícia suspeita que Netanyahu e membros de sua família tenham recebido, por um milhão de shekels (cerca de 250.000 euros), charutos de luxo, garrafas de champanhe e joias de personalidades ricas em troca de favores financeiros ou pessoais.
No último caso, suspeitam que ele tentou fazer um acordo com o dono do jornal Yediot Aharonot para uma cobertura mais favorável.
Incapaz de formar uma coalizão após sua vitória nas eleições de 9 de abril, Benjamin Netanyahu dissolveu o Parlamento, a fim de impedir que o presidente confiasse a outro a formação de uma coalizão sem ele, levando o país a novas eleições em 17 de setembro.