Jonathan Pollard: durante décadas, Israel pediu um indulto para o espião, dada a deterioração de sua saúde (Ronen Zvulun/Files/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2015 às 08h52.
Jerusalém - O espião americano-israelense Jonathan Pollard, de 60 anos, obteve nesta sexta-feira sua liberdade após passar 30 anos em uma prisão federal da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, condenado por espionagem e traição por vender informação armamentista e de segurança a Israel, confirmaram à Agência Efe fontes israelenses.
"Pollard já saiu da prisão", disse à Efe Efi Yahav, presidente da campanha para sua libertação em Israel, informação que foi também confirmada à imprensa local por sua esposa, Esther Pollard, com quem se casou durante sua estadia em prisão.
"É um momento muito especial, estamos muito contentes que esteja fora, que possa construir uma vida e receber o tratamento médico que necessita", disse um porta-voz de sua campanha, que acrescentou que "30 anos é um período muito longo".
O porta-voz evitou se pronunciar sobre as condições da condicional e afirmou que seus advogados americanos farão um comunicado.
Segundo o jornal israelense "Ha'aretz", as condições da liberdade condicional antecipada (Pollard foi condenado a prisão perpétua, mas naquela época a legislação permitia a condicional após 30 anos) incluem a proibição de viajar a Israel, de sair da área de Nova York - onde elegeu viver, de conceder entrevistas e de utilizar a internet.
Durante décadas as autoridades israelenses pediram aos sucessivos presidentes americanos um indulto para Pollard, nos últimos anos por motivos humanitários, dada a deterioração de sua saúde, mas a Casa Branca sempre negou os pedidos sob o argumento da gravidade de seus crimes, da falta de arrependimento e do risco para a segurança do estado.
Pollard, a quem Israel concedeu nacionalidade nos anos 90, foi preso em 21 de novembro de 1985, quando tentava se refugiar junto com sua então esposa, Anne Pollard, na embaixada israelense em Washington, onde foi recusado pela segurança quando chegou de carro na entrada da sede diplomática.
Ele trabalhava como analista de inteligência da Marinha americana, e em 1987, após confessar, foi condenado por vender durante 18 meses, por US$ 45 mil, milhares de documentos e fotografias de satélite à Israel com informações sobre capacidades balísticas e de segurança de países do Oriente Médio, assim como códigos secretos do corpo naval americano.
O caso provocou uma grande comoção nos EUA, por se tratar de um país parceiro a quem os americanos davam enorme apoio militar e político com um agente infiltrado, e também gerou uma forte rejeição entre a comunidade judaica americana, que temeu ver sua lealdade ao país questionada.
"Bendito é aquele que libera os presos. Oferecemos bençãos pela libertação de Jonathan Pollard, após muitos longos e difíceis anos de encarceramento", disse hoje o presidente israelense, Reuven Rivlin, em comunicado.
"Durante anos sentimos a dor de Jonathan. Hoje, felicitamos Jonathan e sua família por sua reunificação e rezamos para que tenha muitos anos de felicidade, saúde e harmonia", acrescentou a nota.