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Espanha conclui recapitalização do setor financeiro

Segundo o banco do país, o governo espanhol injetou 7,551 bilhões de euros em quatro caixas de poupança para finalizar processo iniciado em 2009

O anúncio foi feito pelo presidente do Banco da Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez: "todas as instituições cumprem com os novos níveis de solvência" (Javier Soriano/AFP)

O anúncio foi feito pelo presidente do Banco da Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez: "todas as instituições cumprem com os novos níveis de solvência" (Javier Soriano/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2011 às 14h53.

Madri - O governo espanhol injetou 7,551 bilhões de euros em quatro caixas de poupança espanholas, informou nesta sexta-feira o Banco da Espanha, dando por finalizado o processo de recapitalização do setor financeiro iniciado em 2009 com a finalidade de dar maior solvência e solidez ao segmento.

"Foi completado o processo de capitalização. Todas as entidades cumprem com os novos níveis de solvência", declarou nesta sexta-feira o presidente do Banco da Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, em coletiva de imprensa.

O regulador nacionalizou 100% de Unnimm, injetando 568 milhões de euros, e tomará 93% da NovaCaixaGalicia, com um aporte de 2,465 bilhões de euros, e 90% da CatalunyaCaixa, na qual injetou 1,718 bilhões de euros, afirmou Ordóñez.

A Caixa Mediterrâneo (CAM) foi ajudada pelo Estado em julho passado com a injeção de 2,800 bilhões de euros por parte do Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB), o fundo público criado para a reestruturação do setor bancário espanhol.

Fernández Ordóñez não poupou críticas à gestão desta última, considerando-a "escandalosa".

O presidente do Banco da Espanha não quis dar muitos detalhes sobre a CAM, mas insistiu que "quanto pior for uma caderneta (de poupança), menos ela vale, e a CAM é a pior das piores".

Outras duas entidades, Liberbank e Mare Nostrum, terão um prazo adicional de 25 dias para "a entrada de investidores privados", disse Fernández Ordóñez.

"O balanço geral é positivo, especialmente num momento que claramente tem sido o pior momento dos mercados financeiros nos últimos 70 anos", assegurou Ordóñez.

"O setor fez um considerável saneamento de balanços, entre janeiro de 2008 e junho de 2011 foram provisionados 105 bilhões de euros, ou 10% do PIB, o que supõe um escudo do setor frente para possíveis perdas no futuro", afirmou, posteriormente, o ministro de Fomento espanhol, José Blanco, durante coletiva de imprensa realizada após o conselho de ministros.

O processo de recapitalização do setor tem sido levado a cabo com o aporte de 7,551 bilhões de euros por parte do FROB, cuja presença nas entidades nas quais se encontra se limitará a um máximo de cinco anos, e 5,838 bilhões de euros de capital privado, segundo o Banco da Espanha.

"No total, esses 13,389 bilhões de euros supõem uma redução em relação aos 15,152 bilhões de euros calculados inicialmente" como necessários, segundo a mesma fonte.

Em dois anos, sob a pressão das autoridades, as caixas de poupança, entidades regionais consideradas como o elo mais fraco do sistema financeiro espanhol, realizaram processos de fusão que reduziram seu número de 45 para 15 e a maior parte foi convertida em bancos comerciais clássicos, transformando sua governança.

Para tranquilizar os mercados, o governo socialista espanhol havia decidido em março passado impor níveis de solvência mais elevados para o conjunto do setor bancário espanhol.

Desde o dia 10 de março, todas as entidades financeiras devem respeitar um nível de solidez financeira de ao menos 8% em fundos próprios de qualidade, salvo aqueles que não tem cotação, ou não possuem uma presença de investidores privados de, ao menos, 20%, e cuja liquidez dependa em mais de 20% dos mercados majoritários, cuja solvência se eleva a 10%.

"Contamos com um setor financeiro mais solvente, mais transparente e com isso o crédito deve fluir na economia real, para empresas e famílias", disse Blanco.

* Matéria atualizada às 14h46

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