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Escândalo de lobby provoca primeira baixa na Agricultura

Secretário-executivo Milton Ortolan, braço-direito do ministro Wagner Rossi e responsável por liberar a ação de lobista na pasta, pediu demissão do cargo

O secretário-executivo deixou o Ministério após as denúncias publicadas por Veja (Divulgação/Câmara Municipal de Americana)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2011 às 13h06.

São Paulo - O escândalo provocado após a revelação - por VEJA - da atuação do lobista Júlio Fróes no Ministério da Agricultura provocou a primeira baixa na pasta, neste sábado. O secretário-executivo da Agricultura, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo. Como mostra reportagem de VEJA, Ortolan, braço direito do titular da pasta, Wagner Rossi, foi quem liberou Fróes para atuar no ministério. Na Agricultura, "Doutor Júlio", como é conhecido pelos servidores, goza de privilégios. Tem acesso liberado à entrada privativa do ministério e usa uma sala com computador, telefone e secretária na sobreloja do prédio, onde está instalada a Comissão de Licitação - repartição que elabora as concorrências que, só neste ano, deverão liberar 1,5 bilhão de reais da pasta.

Em nota, Ortolan diz que apresentou um pedido de exoneração em “caráter irrevogável” ao ministro Wagner Rossi. Ele negou ter se envolvido em irregularidades e disse que em quarenta anos de serviço público jamais foi acusado de conduta irregular. “Em relação ao senhor Júlio Fróes, informo que o conheci por ocasião do início do processo de contratação da Fundação São Paulo (PUC-SP). Chegou a mim como sendo um representante da PUC-SP. Desconheço a mencionada reunião realizada na Assessoria Parlamentar do Ministério da Agricultura para distribuição de propina”, disse em nota. “Tenho a consciência tranquila e provarei minha inocência”, concluiu.

Carreira - Até 4 de março deste ano, Ortolan era chefe de gabinete do ministro Wagner Rossi. Ele integra o Conselho Fiscal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Conselho de Administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o conselho gestor do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

O agora ex-secretário-executivo é administrador de empresas e já comandou a Secretaria de Educação de Americana, cidade em que nasceu, no interior de São Paulo. No governo federal, já passou pelo Ministério dos Transportes e pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).


O que diz a reportagem de VEJA - No ano passado, acompanhado por Ortolan, Fróes se instalou pela primeira vez em uma sala do ministério para redigir um documento que justificava a contratação dos serviços da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foram dois dias de trabalho, ao cabo dos quais o ministro Rossi autorizou a contratação da entidade, sem licitação, com pagamentos de 9 milhões de reais. O representante da fundação beneficiada? O próprio Júlio Froes. Meses mais tarde, o lobista convocou uma reunião com funcionários que o haviam auxiliado na elaboração do documento. O encontro aconteceu na sala da Assessoria Parlamentar, no oitavo andar do ministério. Cada um que chegava recebia uma pasta. As pastas continham dinheiro - uma "agendinha", no dizer do lobista.

Froes também se apresenta como representante do Ministério da Agricultura. Funcionários disseram a VEJA que, em certa ocasião, ele lhes contou como pediu uma "gratificação" de 10% aos donos de uma gráfica - a Gráfica Brasil - em troca da renovação de um contrato com o ministério. Mais ainda: ele assegurou ter agido assim por instrução de Milton Ortolan. "Realmente essa proposta nos foi feita por alguém que se apresentava em nome do ministro", disse à revista um dos responsáveis pela área comercial da empresa.

Em entrevista gravada, Júlio Fróes afirmou conhecer o ministro Wagner Rossi e o secretário executivo Milton Ortolan. Enfilerou, em seguida, um rosário de negações. Negou frequentar o prédio do ministério - onde foi flagrado pela reportagem na última quarta-feira, como atesta uma série de fotos. Negou ser representante da Fundasp, enquanto até o ministério diz que ele representou a entidade. E, subitamente, indagou: “Eu tenho gravações que comprometem o Ortolan. Quanto você me paga?”

Procurado por VEJA, o ministro Wagner Rossi afirmou inicialmente nunca ter ouvido falar no lobista. Um dia depois, sua assessoria informou, em nota, que o ministro o "cumprimentou uma vez", em 2010. Neste sábado, Rossi divulhou nota em que nega ter qualquer envolvimento com Fróes.


Investigação - A oposição pretende entrar com um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a atuação do lobista no Ministério da Agricultura. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), diz que as informações merecem apuração por parte do Ministério Público. “Temos que criar um cenário favorável à investigação judiciária e encaminhar um requerimento à PGR para que realize os procedimentos necessários”. O tucano disse que o pedido será enviado ao procurador-geral após o depoimento do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, no Senado na próxima quarta-feira.
 
Na ocasião os oposicionistas devem questionar o ministro sobre as novas revelações na pasta. Eles cogitam ainda convocar o lobista Júlio Fróes para prestar esclarecimentos sobre o caso na Comissão de Agricultura.

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São Paulo - O escândalo provocado após a revelação - por VEJA - da atuação do lobista Júlio Fróes no Ministério da Agricultura provocou a primeira baixa na pasta, neste sábado. O secretário-executivo da Agricultura, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo. Como mostra reportagem de VEJA, Ortolan, braço direito do titular da pasta, Wagner Rossi, foi quem liberou Fróes para atuar no ministério. Na Agricultura, "Doutor Júlio", como é conhecido pelos servidores, goza de privilégios. Tem acesso liberado à entrada privativa do ministério e usa uma sala com computador, telefone e secretária na sobreloja do prédio, onde está instalada a Comissão de Licitação - repartição que elabora as concorrências que, só neste ano, deverão liberar 1,5 bilhão de reais da pasta.

Em nota, Ortolan diz que apresentou um pedido de exoneração em “caráter irrevogável” ao ministro Wagner Rossi. Ele negou ter se envolvido em irregularidades e disse que em quarenta anos de serviço público jamais foi acusado de conduta irregular. “Em relação ao senhor Júlio Fróes, informo que o conheci por ocasião do início do processo de contratação da Fundação São Paulo (PUC-SP). Chegou a mim como sendo um representante da PUC-SP. Desconheço a mencionada reunião realizada na Assessoria Parlamentar do Ministério da Agricultura para distribuição de propina”, disse em nota. “Tenho a consciência tranquila e provarei minha inocência”, concluiu.

Carreira - Até 4 de março deste ano, Ortolan era chefe de gabinete do ministro Wagner Rossi. Ele integra o Conselho Fiscal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Conselho de Administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o conselho gestor do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

O agora ex-secretário-executivo é administrador de empresas e já comandou a Secretaria de Educação de Americana, cidade em que nasceu, no interior de São Paulo. No governo federal, já passou pelo Ministério dos Transportes e pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).


O que diz a reportagem de VEJA - No ano passado, acompanhado por Ortolan, Fróes se instalou pela primeira vez em uma sala do ministério para redigir um documento que justificava a contratação dos serviços da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foram dois dias de trabalho, ao cabo dos quais o ministro Rossi autorizou a contratação da entidade, sem licitação, com pagamentos de 9 milhões de reais. O representante da fundação beneficiada? O próprio Júlio Froes. Meses mais tarde, o lobista convocou uma reunião com funcionários que o haviam auxiliado na elaboração do documento. O encontro aconteceu na sala da Assessoria Parlamentar, no oitavo andar do ministério. Cada um que chegava recebia uma pasta. As pastas continham dinheiro - uma "agendinha", no dizer do lobista.

Froes também se apresenta como representante do Ministério da Agricultura. Funcionários disseram a VEJA que, em certa ocasião, ele lhes contou como pediu uma "gratificação" de 10% aos donos de uma gráfica - a Gráfica Brasil - em troca da renovação de um contrato com o ministério. Mais ainda: ele assegurou ter agido assim por instrução de Milton Ortolan. "Realmente essa proposta nos foi feita por alguém que se apresentava em nome do ministro", disse à revista um dos responsáveis pela área comercial da empresa.

Em entrevista gravada, Júlio Fróes afirmou conhecer o ministro Wagner Rossi e o secretário executivo Milton Ortolan. Enfilerou, em seguida, um rosário de negações. Negou frequentar o prédio do ministério - onde foi flagrado pela reportagem na última quarta-feira, como atesta uma série de fotos. Negou ser representante da Fundasp, enquanto até o ministério diz que ele representou a entidade. E, subitamente, indagou: “Eu tenho gravações que comprometem o Ortolan. Quanto você me paga?”

Procurado por VEJA, o ministro Wagner Rossi afirmou inicialmente nunca ter ouvido falar no lobista. Um dia depois, sua assessoria informou, em nota, que o ministro o "cumprimentou uma vez", em 2010. Neste sábado, Rossi divulhou nota em que nega ter qualquer envolvimento com Fróes.


Investigação - A oposição pretende entrar com um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a atuação do lobista no Ministério da Agricultura. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), diz que as informações merecem apuração por parte do Ministério Público. “Temos que criar um cenário favorável à investigação judiciária e encaminhar um requerimento à PGR para que realize os procedimentos necessários”. O tucano disse que o pedido será enviado ao procurador-geral após o depoimento do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, no Senado na próxima quarta-feira.
 
Na ocasião os oposicionistas devem questionar o ministro sobre as novas revelações na pasta. Eles cogitam ainda convocar o lobista Júlio Fróes para prestar esclarecimentos sobre o caso na Comissão de Agricultura.

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