Erdogan diz que país vai revisar laços com Europa após referendo
O presidente da Turquia também disse que se reunirá "cara a cara" com o novo governo dos Estados Unidos em maio
Reuters
Publicado em 23 de março de 2017 às 18h10.
Ancara/Istambul - A Turquia vai revisar todos os laços políticos e administrativos com a União Europeia após um referendo de abril, incluindo um acordo para combater a imigração ilegal, mas manterá relações econômicas com o bloco, disse o presidente Tayyip Erdogan nesta quinta-feira.
Em uma entrevista à emissora CNN Turca, Erdogan afirmou que tudo, "de A a Z", nas relações da Turquia com a Europa será revisto depois do referendo de 16 de abril sobre mudanças constitucionais que estenderiam seus poderes.
Ele também disse que se reunirá "cara a cara" com o novo governo dos Estados Unidos em maio. A relação entre Erdogan e o presidente dos EUA, Donald Trump será acompanhada de perto, com os laços entre os aliados da Otan profundamente tensos.
A Turquia tem se irritado com o apoio dos EUA a uma milícia curda na Síria que vê como um grupo terrorista e pela presença contínua nos Estados Unidos de Fethullah Gulen, o clérigo turco que Ancara acusa de ser o responsável por um golpe fracassado em julho passado, e quer que ele seja extraditado.
Já as relações da Turquia com a União Europeia tornaram-se particularmente amargas depois que a Alemanha e a Holanda cancelaram manifestações de campanha previstas no seu território por autoridades turcas que pretendiam obter apoio para o "sim" no referendo de abril.
Ambos citam preocupações de segurança para decidir pelo cancelamento, mas Erdogan os acusou de usar "métodos nazistas" e atropelar a liberdade de expressão. Ele não fez nenhum pedido de desculpas na quinta-feira pela comparação.
"Vocês ficam perturbados quando dizemos que é fascismo, é nazismo, mas o que vocês estão fazendo se encaixa nessa definição", disse ele.
Erdogan afirmou que os países europeus estavam permitindo eventos para a campanha do "não" enquanto proíbe autoridades turcas de reunir seus partidários.
Ele acusou a Alemanha de apoiar o terrorismo e disse que não tinha planos de visitar o país antes do referendo.