Julian Assange acompanhado por policiais, no Reino Unido (Stefan Wermuth/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2012 às 11h13.
Quito - O Equador concedeu asilo político ao fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta quinta-feira o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, um dia depois de o governo britânico ameaçar invadir a embaixada do país sul-americano em Londres para prendê-lo.
A Grã-Bretanha afirmou que está determinada a extraditar o ex-hacker para a Suécia, onde é acusado de abuso sexual. Assange irritou Washington em 2010 quando o WikiLeaks publicou documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos.
"O Equador decidiu conceder asilo político a Julian Assange após o pedido enviado ao presidente", disse Patiño em entrevista coletiva em Quito.
Ele argumentou que a segurança pessoal de Assange corria riscos, que era provável a extradição para um terceiro país sem as garantias apropriadas e que evidência legal mostrou que ele não teria um julgamento justo se fosse eventualmente transferido para os Estados Unidos.
"É uma decisão soberana protegida pela lei internacional. Não faz sentido supor que isso implica uma quebra das relações (com a Grã-Bretanha)", acrescentou Patiño.
A Grã-Bretanha reagiu ao anúncio, dizendo estar desapontada com a decisão do Equador em favor de Assange, que está abrigado na embaixada equatoriana em Londres há dois meses.
"Estamos desapontados com a declaração do ministro de Relações Exteriores do Equador, de que o país ofereceu asilo político a Julian Assange", afirmou o porta-voz do Departamento de Relações Exteriores britânico.
"Sob a legislação britânica, o senhor Assange exauriu todas as suas opções de apelação e as autoridades britânicas têm a obrigação de extraditá-lo para a Suécia. Nós devemos cumprir esta obrigação", acrescentou o porta-voz.
Mesmo com a concessão do asilo, Assange tem poucas chances de deixar a embaixada do Equador em Londres sem ser preso.
Há especulações de que ele poderia ir a um aeroporto em carro diplomático, ser "contrabandeado" em uma mala diplomática, ou mesmo ser nomeado diplomata equatoriano para que consiga imunidade.
Mas advogados e diplomatas dizem que esses cenários são impraticáveis.
O presidente do Equador, Rafael Correa, diz ser inimigo da mídia "corrupta" e do "imperialismo" dos Estados Unidos e faz parte do bloco de esquerda dos líderes sul-americanos.
Patiño considerou a ameaça britânica de invadir a embaixada de "brutal" e destacou que o único modo de Assange viajar ao Equador seria se a Grã-Bretanha concedesse passe livre para ir a um aeroporto.