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Enviado da ONU para Iêmen pede manutenção da trégua e proteção aos civis

A guerra no país já deixou 10 mil mortos e 14 milhões de pessoas estão à beira da desnutrição

Iêmen: o país vive a pior crise humanitária no mundo, segundo a ONU (Stringer/Reuters)

Iêmen: o país vive a pior crise humanitária no mundo, segundo a ONU (Stringer/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 17h23.

O enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, pediu nesta sexta-feira (23) aos beligerantes que mantenham a trégua e protejam os civis em Hodeida, enquanto mencionava futuras conversas sobre um papel importante da ONU neste porto estratégico.

Griffiths falou de Hodeida, principal frente da guerra, onde realiza a sua primeira visita desde a sua nomeação como enviado especial em fevereiro.

O objetivo da visita é "ver de perto a situação em Hodeida e enviar uma mensagem a todos os protagonistas sobre a importância da trégua visando reativar as negociações políticas", indicou uma fonte da ONU à AFP.

Griffiths busca organizar negociações de paz na Suécia, embora a data desses encontros não tenham sido fixadas ainda. Segundo os Estados Unidos, acontecerão no início de dezembro.

O porto de Hodeida, crucial para o acesso da ajuda humanitária e para as importações ao Iêmen, é um reflexo da complexidade da guerra que atinge o país há quase quatro anos.

O conflito, que deixou 10 mil mortos, desencadeou a pior crise humanitária no mundo, segundo a ONU, com 14 milhões de pessoas à beira da desnutrição.

"Estou aqui para dizê-los que acordamos que a ONU realize urgentemente negociações visando ter um papel mais importante no porto (de Hodeida) e mais além", disse o emissário lendo um comunicado diante dos jornalistas.

"O mundo inteiro está olhando para Hodeida. Dirigentes de cada país pediram que preservem a paz" na cidade, acrescentou o emissário.

Um porta-voz da ONU indicou pouco antes que Griffiths declarou estar "disposto a trabalhar com as partes" visando "um papel de supervisão da ONU para gerir o porto, que protegeria esta instalação de uma possível destruição e preservaria esta via humanitária principal".

Após uma intensificação da ofensiva para reconquistar Hodeida, as forças pró-governamentais fizeram uma pausa desde 13 de novembro nas suas operações militares para favorecer os esforços de paz.

Esta semana a cidade viveu duas noites de confrontos. Mas os habitantes temem uma retomada dos combates.

Segundo uma fonte do governo, os rebeldes huthis receberam reforços no centro, obrigando dezenas de famílias a fugir.

Mas a coalizão reiterou seu compromisso com os esforços da ONU.

Nesta sexta-feira, o ministro de Estado emiradense para as Relações Exteriores, Anwar Gargash, cujo país é um pilar desta coalizão, tuitou que "a melhor forma de avançar em direção a um processo político duradouro é apoiar as discussões da Suécia e os esforços de Martin Griffiths, sem se antecipar a essas negociações".

O governo do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi já anunciou a sua participação nas conversas de paz. E um importante chefe rebelde havia pedido aos seus partidários que cessassem as operações militares para mostrar suas "boas intenções".

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou ter distribuído em Hodeida cerca de 30 mil pacotes de alimentos para 180 mil pessoas, capazes de alimentar uma família de seis pessoas durante um mês, graças à trégua.

Também levou a Hodeia alimentos básicos, como farinha e óleo, "para atender às necessidades de 240 mil pessoas".

O país está atualmente dividido em dois, as forças leais controlam o sul e grande parte do centro, enquanto os rebeldes controlam Sanaa, o norte e boa parte do oeste, incluindo Hodeida.

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