Emmanuel Macron: presidente francês no primeiro dia do Salão da Agricultura de Paris (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 19h34.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2024 às 19h35.
O presidente francês, Emmanuel Macron, deixou o Salão da Agricultura em Paris, neste sábado (24), após uma visita marcada por vaias e confrontos. O evento é crucial para um setor descontente que protagonizou grandes manifestações em janeiro.
O evento anual, ao qual os presidentes franceses comparecem com regularidade, acontece na capital do país até 3 de março em um momento de tensão, depois que os agricultores bloquearam várias rodovias do país no começo do ano.
A chegada de Macron ao evento, às 8H00 locais (04h em Brasília), coincidiu com cenas de violência e confusão, com dezenas de manifestantes tentando forçar as grades para entrar no local antes do horário de abertura, gerando confrontos com as forças de segurança.
O presidente era protegido por dezenas de policiais da tropa de choque, que constantemente empurravam os manifestantes para impedir que se aproximassem dele. Alguns chamaram Macron de "mentiroso", gritaram "vá embora!" e pediram sua renúncia.
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As autoridades informaram que oito membros das forças de ordem ficaram feridos após serem obrigados a usar os corpos como barreira diante de "300 ou 400" pessoas.
O evento foi inaugurado por Macron com quatro horas e meia de atraso em relação ao programa inicial. Mas apesar das cenas caóticas, ele conseguiu conversar com alguns agricultores, incluindo alguns integrantes dos três principais sindicatos agrícolas do país.
O presidente francês foi embora por volta das 21h15 (17h15 de Brasília), satisfeito por ter visitado o local apesar do começo conturbado e considerando "ridículo que os agricultores tenham recorrido à violência em um salão que é deles".
"Eu sempre prefiro o diálogo ao confronto (...) O confronto não produz nada", declarou o presidente de 46 anos, reeleito em 2022 para um segundo mandato de cinco anos frente à candidata de extrema direita Marine Le Pen.
Entre outros compromissos, Macron se comprometeu a propor a adoção de "preços mínimos para proteger a receita agrícola", no âmbito de uma nova lei que deverá regulamentar as relações entre os diferentes atores na indústria alimentar.
Estes "preços mínimos" serão baseados nos indicadores de custos de produção de cada setor (aves, laticínios, carne bovina, etc).
Em novembro, a ministra francesa do Consumo, Olivia Grégoire, se expressou contra uma medida similar votada e rejeitada no Parlamento. Ela disse que a fazia lembrar de "Cuba ou da União Soviética".
O presidente também reiterou seu desejo de evitar que um pesticida seja proibido na França antes do restante da União Europeia, para evitar distorções da concorrência.
Depois dos protestos agrícolas que sacudiram o país no final de janeiro, Macron anunciou uma série de medidas, incluindo um controle mais rigoroso da origem dos produtos e sua recusa a assinar um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
Na abertura do Salão da Agricultura, no entanto, ele discordou da ideia de que o comércio internacional prejudicaria o setor agrícola local.
Os protestos das últimas semanas também afetaram outros países europeus, como Alemanha, Polônia, Romênia, Bélgica, Itália e Espanha.