Enfraquecido e atingido por crises, Trump volta à campanha
Presidente dos EUA enfrenta processo de impeachment e tem sido criticado dentro do governo por tirar tropas da Síria
AFP
Publicado em 11 de outubro de 2019 às 06h26.
Última atualização em 11 de outubro de 2019 às 06h30.
São Paulo — Donald Trump multiplicou nesta quinta-feira seus ataques aos adversários democratas, durante um comício em Minnesota no qual mostrou uma extraordinária agressividade.
Em meio a uma guerra aberta com os democratas por um processo de impeachment e em conflito com os republicanos pela Síria, Trump tenta recuperar o controle.
Em seu primeiro contato com sua base eleitoral desde o lançamento, há 15 dias, de um processo que poderá torná-lo o terceiro presidente da história a ser submetido a um "julgamento político" após Andrew Johnson e Bill Clinton, o polêmico Trump previu que esta "caça às bruxas" vai fracassar e provocará nas eleições presidenciais de 2020 "uma votação jamais vista" nos republicanos.
De olho nas eleições de 3 de novembro de 2020, ele escolheu para seu retorno a cidade de Minneapolis, em um estado que sempre votou nos democratas nas eleições presidenciais desde o início dos anos 1970, mas onde quase venceu Hillary Clinton em 2016.
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que iniciou o processo de impeachment, foi chamada no comício desta quinta-feira de "muito estúpida" e "desonesta".
O ex-vice-presidente Joe Biden, possível candidato democrata a enfrentar Trump em 2020, foi qualificado de "mau senador" que "se tornou vice-presidente simplesmente porque sabia como lamber o cu de Barack Obama".
Trump também disparou contra a congressista democrata Ilhan Omar, que representa o 5º distrito de Minnesota na Câmara de Representantes.
"É uma socialista que detesta os Estados Unidos! É uma vergonha para nosso país! Esta é uma das razões porque venceremos em Minnesota".
Sobre o processo de impeachment, Trump declarou que "enfrentamos pessoas desequilibradas, doentes". "Os democratas estão em uma cruzada para destruir nossa democracia, mas não permitiremos isto".
Donald Trump escolheu o confronto, recusando-se a cooperar com o Congresso e abrindo um período de grande incerteza que pode colocar as instituições dos EUA à prova.
Outra fonte de frustração e aborrecimento para o presidente é a Síria.
Sua decisão, anunciada na noite de domingo, de retirar as tropas americanas do nordeste da Síria e deixar a porta aberta para a intervenção turca, causou espanto e raiva em sua própria equipe.
O senador Lindsey Graham, que geralmente apoia Donald Trump, mas que desta vez o acusa de "vergonhosamente" abandonar os curdos, apresentou uma proposta para punir severamente Ancara se o exército turco não se retirar da Síria.
Desde a noite de domingo, Trump multiplicou as declarações confusas e até contraditórias, insistindo em sua intenção de se retirar rapidamente das "guerras sem fim" do Oriente Médio.
Ele também ameaçou seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, de represálias econômicas se não agir de maneira "racional" e "humana".
Nesta quinta-feira, Trump determinou que diplomatas do departamento de Estado atuem para obter um cessar-fogo entre turcos e curdos, após citar três opções para a crise: enviar tropas e ganhar militarmente, atingir duramente a Turquia com sanções ou mediar um acordo" entre as duas partes.
As forças curdas foram um aliado-chave dos EUA na luta contra o "Califado" proclamado pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), e estima-se que perderam mais de 11 mil homens nesta guerra.