Enchentes na Rússia afetam mais de 10 mil edifícios residenciais
Até o momento, não há registros de vítimas relacionadas ao desastre
Agência de notícias
Publicado em 8 de abril de 2024 às 11h32.
Última atualização em 8 de abril de 2024 às 11h50.
Mais de 10 mil edifícios residenciais foram danificados nas regiões russas dos Urais, do Volga e da Sibéria Ocidental, anunciaram as autoridades nesta segunda-feira, 8, por enchentes que não eram observadas há décadas e que causaram milhares de evacuações. Até o momento, não há registros de vítimas relacionadas ao desastre.
As enchentes de magnitude excepcional foram causadas nos últimos dias por fortes chuvas associadas ao aumento da temperatura, ao degelo crescente e à quebra do gelo invernal que cobre os rios. "Mais de 10,4 mil imóveis residenciais estão inundados", disse o Ministério de Emergências da Rússia nesta segunda-feira.
Segundo o Kremlin, os governadores das regiões de Orenburg, Kurgan, Tyumen e o ministro de Situações de Emergência relataram nesta segunda-feira a situação ao presidente Vladimir Putin, que ordenou a criação de uma comissão especial.
Putin não planeja visitar o local, segundo seu porta-voz, Dmitri Peskov, que acredita que a situação "vai piorar ainda mais". A maioria das retiradas de moradores ocorre atualmente na região de Orenburg, na fronteira com o Cazaquistão. Mais de 6,1 mil pessoas foram retiradas, incluindo 1,4 mil crianças, disseram as autoridades locais nesta segunda-feira.
Grande parte da segunda maior cidade da região, Orsk (220 mil habitantes), foi inundada após o rompimento de uma barragem perto do rio Ural na noite de sexta-feira, 5. Imagens publicadas pela imprensa russa mostram o centro da cidade e bairros cobertos de água.
Segundo as autoridades locais, o nível do rio em Orsk subiu de 16 para 872 centímetros na capital regional Orenburg (570 mil habitantes).
Sem precedentes
A agência meteorológica oficial da Rússia, Rosguidromet, anunciou um pico de enchentes em Orenburg e arredores na quarta-feira. O prefeito da cidade indicou que a região não sofria enchentes dessa magnitude há décadas.
"Há muito tempo que não víamos tanta água em Orenburg. A última inundação deste tipo data de 1942", sublinhou o prefeito Sergei Salmin, citado pela imprensa russa. Na sua conta no Telegram, indicou que 1.535 imóveis residenciais foram danificados e pediu aos habitantes das zonas inundadas que as evacuassem "porque a situação vai piorar nos próximos dois dias".
Mais de 570 pessoas foram levadas para a região de Kurgan, também na fronteira com o Cazaquistão, detalharam as autoridades regionais nesta segunda-feira, temendo uma cheia do rio Tobol.
Várias centenas de quilômetros ao norte, a grande cidade de Tyumen (800 mil habitantes), capital da região que leva o mesmo nome, também poderá ser afetada pelas enchentes, comentou o vice-ministro das Emergências, Viktor Iatsutsenko, citado pela agência Ria Novosti.
A Rússia é regularmente afetada por fenômenos meteorológicos extremos, como enchentes ou incêndios florestais devastadores, muitas vezes acentuados pelos efeitos da mudança climática. Putin, cujo país é um grande produtor de hidrocarbonetos, não nega a realidade da mudança climática, mas expressa dúvidas de que seja resultado de atividades humanas. No entanto, garantiu que a adaptação da Rússia e de suas infraestruturas aos desafios do aquecimento global é uma prioridade.