Emissões globais voltam a subir em 2017 — e isso não é nada bom
Janela de oportunidade para o mundo evitar mudanças climáticas perigosas está cada vez mais estreita
Vanessa Barbosa
Publicado em 15 de novembro de 2017 às 08h17.
Última atualização em 15 de novembro de 2017 às 08h17.
São Paulo - Depois de três anos estáveis, as emissões globais de CO2 devem voltar a crescer este ano segundo estudo divulgado na COP23, reunião da ONU sobre as mudanças climáticas, que ocorre em Bonn, na Alemanha.
No final de 2017, as emissões globais de dióxido de carbono dos combustíveis fósseis e das atividades industriais deverão aumentar em cerca de 2% em relação ao ano anterior.
Isso significa que a janela de oportunidade para o mundo manter o aquecimento do planeta bem abaixo de 2 graus Celsius (ºC), e menos ainda de 1,5ºC para evitar mudanças climáticas perigosas até o final do século, está se estreitando.
A conclusão é do relatório Orçamento Global de Carbono 2017 publicado pelo Global Carbon Project (GCP) na revista Environmental Research Letters. O estudo foi produzido por 76 cientistas de 57 instituições de pesquisa em 15 países que trabalham sob o guarda-chuva do GCP.
Os números apontam a China como a principal causa da alta das emissões de combustíveis fósseis, com um crescimento projetado em 3,7% até o final do ano, após dois anos de redução.
As emissões de CO2 deverão diminuir em 0,4% nos Estados Unidos e 0,2% na União Européia, ritmo bem inferior aos declínios registrados na década anterior.
No entanto, a equipe disse que, apesar do crescimento em 2017, é muito cedo para dizer se este é um evento isolado no caminho para um pico global de emissões, ou o início de um novo período de crescimento das emissões globais do gás de efeito estufa.
Para os pesquisadores, porém, é improvável que as emissões voltem às altas taxas de crescimento persistentes observadas durante os anos 2000, de mais de 3% ao ano.
Concentração de CO2
Relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostrou que os níveis globais de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram 403,3 partes por milhão (ppm) em 2016, ante 400 ppm em 2015.
A organização atribuiu esse aumento abrupto à combinação entre atividades humanas, como desmatamento e queima de combustíveis fósseis, e o forte fenômeno El Niño registrado naquele ano.
A cada ano, as atividades humanas produzem mais CO2 do que os processos naturais podem absorver. Isso significa que o valor líquido de dióxido de carbono atmosférico nunca diminui.
Assim, o acúmulo anual do gás segue subindo. Nos últimos 10 anos, a quantidade de CO2 na atmosfera tem aumentado, em média, 2 partes por milhão por ano.
Veja abaixo as principais conclusões do Orçamento Global de Carbono (Global Carbon Budget):