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Emirados Árabes recebem 15 presos de Guantánamo

Washington enfrentava dificuldades para encontrar quem aceitasse os iemenitas, que não podem ser enviados de volta para casa em razão da guerra civil no país


	Guantánamo: ainda restam 61 prisioneiros nessa unidade prisional americana
 (Michelle Shephard/Pool/File Photo/Reuters)

Guantánamo: ainda restam 61 prisioneiros nessa unidade prisional americana (Michelle Shephard/Pool/File Photo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2016 às 14h28.

Os Estados Unidos enviaram 15 presos de Guantánamo aos Emirados Árabes Unidos, a maior transferência de detentos ordenada pelo presidente Barack Obama, que busca, desde 2009, fechar a controvertida prisão, aberta após os atentados do 11 de Setembro.

"Os Estados Unidos estão agradecidos ao governo dos Emirados Árabes Unidos por seu gesto humanitário e por sua vontade de apoiar os esforços em curso dos Estados Unidos para fechar o centro de detenção de Guantánamo", afirmou o Pentágono, em um comunicado.

Ainda restam 61 prisioneiros nessa unidade prisional americana localizada na ilha de Cuba, contra 242 quando Obama chegou ao poder.

Segundo um funcionário de alto escalão do Departamento de Estado, que pediu para não ser identificado, 12 dos detentos soltos hoje são iemenitas, e três, afegãos.

Washington enfrentava dificuldades para encontrar quem aceitasse os iemenitas, que não podem ser enviados de volta para casa em razão da guerra civil em seu país desde 2015.

Depois de serem transferidos, em geral, os ex-detentos de Guantánamo são soltos sob condições - dispositivos de segurança e programas de reinserção -, que variam segundo os países que os recebem.

Um pouco mais cedo, a ONG Anistia Internacional havia anunciado que os Estados Unidos iriam soltar 15 presos, o traslado mais importante já realizado no governo Obama.

"Isso significa uma importante rejeição à ideia de que Guantánamo vai permanecer aberta por tempo indeterminado", disse à AFP o diretor do programa de Segurança e de Direitos Humanos da Anistia Internacional nos Estados Unidos, Naureen Shah.

As solturas aceleraram nos últimos anos, em função da aspiração do presidente Obama de cumprir sua promessa de campanha de fechar uma instalação que ele já classificou de "vergonhosa".

É muito improvável, porém, que o presidente atinja seu objetivo antes de deixar a Casa Branca, em janeiro de 2017, sobretudo pelas dificuldades existentes para instalar nos Estados Unidos os cerca de 50 detentos considerados "não liberáveis".

Maioria no Congresso, os republicanos rejeitam qualquer iniciativa desse tipo.

Os detentos "que não podem ser liberados" também não podem ser julgados por um tribunal tradicional, já que muitos foram torturados e/ou presos em circunstâncias não permitidas pelas leis americanas.

O candidato republicano Donald Trump já se comprometeu - se for eleito - a encher Guantánamo com todos os "tipos indesejáveis" e também restabelecer torturas "bem piores que a simulação de afogamento", conhecida como "submarino".

Desde sua criação, pouco depois da invasão americana ao Afeganistão em outubro de 2001, a prisão de Guantánamo recebeu 780 detentos no total.

Dick Cheney, vice-presidente do então presidente George W. Bush, havia afirmado que para lá deveriam ser levados "os piores dos piores terroristas".

A maioria dos detidos era apenas militante de segundo nível, ou mesmo pessoas sem vínculos com grupos extremistas que estavam no lugar errado na hora errada, em plena "guerra ao terror".

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