Mundo

Em primeiro comício desde saída de Biden, Kamala afirma que seu governo será 'do povo'

Vice-presidente destacou o recorde de doações individuais para a chapa registrado nas últimas 24 horas, com mais de US$ 100 milhões arrecadadores por 1,1 milhão de doadores diferentes

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos (KAMIL KRZACZYNSKI /AFP)

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos (KAMIL KRZACZYNSKI /AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 23 de julho de 2024 às 17h26.

Última atualização em 23 de julho de 2024 às 17h26.

Tudo sobreEleições EUA 2024
Saiba mais

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participou nesta terça-feira do seu primeiro comício após a desistência do presidente Joe Biden em Milwaukee, no Wisconsin, cidade que há uma semana sediou a Convenção Nacional Republicana.

Apesar do forte discurso contra o ex-presidente Donald Trump, Kamala enfatizou que sua campanha não é apenas um lado contra o outro, mas a favor de um projeto popular, destacando o recorde histórico de doações individuais registrado nas últimas 24 horas: mais de US$ 100 milhões arrecadados de 1,1 milhão de doadores diferentes — 62% deles contribuíram pela primeira vez.

— Esta campanha não é só sobre nós contra Donald Trump, (...) é sobre por quem lutamos — destacou Kamala diante de uma plateia entusiasmada. — Apenas vejam como as campanhas estão sendo conduzidas: Donald Trump confia no apoio de bilionários e grandes corporações. (...) Por outro lado, nós estamos com uma campanha baseada no poder do povo. Nós tivemos as melhores 24 horas de doações individuais da História das campanhas presidenciais. E porque nós somos uma campanha do povo, é assim que vocês sabem que nós seremos uma Presidência do povo.

Na sequência, a democrata — que já conseguiu o apoio do número mínimo de delegados para ser oficializada como candidata — elencou uma série de medidas em favor da classe média e dos trabalhadores que farão parte da sua plataforma, como planos de saúde acessíveis, licença familiar e auxílio para cuidado de crianças, direito à sindicalização e aposentadoria "com dignidade".

— Construir a classe média será um objetivo fundamental da minha Presidência — afirmou. — Quando a nossa classe média está forte, América está forte.

A vice ainda atacou um calcanhar de Aquiles de Trump: o direito ao aborto, revogado à nível nacional há dois anos após a mudança no entendimento no caso Roe vs. Wade pela Suprema Corte — que passou a ter uma maioria conservadora de juízes graças às indicações feitas por Trump durante seu mandato.

— Nós, que acreditamos na liberdade reprodutiva, vamos parar com as proibições extremas de Donald Trump ao aborto porque nós confiamos nas mulheres para decidir sobre os seus próprios corpos e não ter o seu governo dizendo o que elas têm de fazer — afirmou Kamala, sob fortes gritos de apoio da plateia.

Kamala também relembrou seu trabalho como procuradora-geral e promotora da Califórnia antes de assumir a Vice Presidência, repetindo a retórica usada em um discurso na segunda-feira. Em uma referência a Trump, ela destacou sua familiaridade com "criminosos de todos os tipos":

— Predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que prejudicaram consumidores, traidores que quebraram as regras em seu próprio benefício — elencou Kamala. — Me escutem quando digo: eu conheço o tipo do Donald Trump. E nesta campanha, eu garanto a vocês, eu vou pôr com orgulho a minha trajetória contra a dele.

Na abertura, Kamala destacou o legado de Biden e agradeceu o presidente pelo endosso à sua candidatura.

— Tem sido uma das maiores honras da minha vida servir como vice-presidente do presidente Biden. O legado de Biden, das conquistas em toda a sua carreira e nos três últimos anos, é inédito na nossa História — disse. — É uma honra ter o apoio de Biden nessa corrida.

Recorde de público

A democrata escolheu iniciar a nova fase campanha justamente na cidade que, há uma semana, foi tomada por republicanos durante a convenção do partido. Diante das especulações em torno da permanência de Biden na disputa, Kamala foi um dos principais alvos de ataques de lideranças republicanos no evento, recebendo inclusive a alcunha de "czar da fronteira".

Milwaukee é a cidade mais populosa do Wisconsin, um estado-pêndulo (nem democrata nem republicano) crucial nas eleições e que integra o chamado "Cinturão da Ferrugem": região altamente industrializada dos EUA no passado que sofreu um forte declínio econômico nas últimas décadas. Esta é a quinta viagem de Kamala ao Wisconsin neste ano e a nona como vice-presidente.

Segundo Kevin Munoz, porta-voz de Kamala, o comício desta terça contou com o maior número de participantes entre todos os eventos da campanha democrata deste ano, com cerca de 3 mil pessoas reunidas no ginásio de uma escola em West Allis, no subúrbio de Wilwaukee.

O comício contou com a participação de importantes figuras do Partido Democrata no estado, como o governador Tony Evers e a senadora Tammy Baldwin, que concorre à reeleição este ano. Discursaram também lideranças trabalhistas de importantes sindicatos locais ligados à indústria, construção civil e comércio.

Em apenas dois dias desde que a retirada de Biden mudou os rumos da campanha democrata, Kamala já havia garantido o apoio de delegados suficientes para a sua indicação à Casa Branca na Convenção Nacional Democrata, que acontece entre 19 e 22 de agosto.

Além do caixa que a chapa já tinha, Kamala também herda toda a infraestrutura de Biden. Apenas no Wisconsin, há 48 escritórios com 160 funcionários trabalhando para o partido. Desde o endosso de Biden à nomeação da vice, mais de 58 mil pessoas se voluntariaram para ajudar na campanha.

Acompanhe tudo sobre:Eleições EUA 2024Estados Unidos (EUA)Kamala HarrisJoe BidenDonald Trump

Mais de Mundo

Como pedir cidadania italiana? Veja passo a passo e valores

Os 8 países com maior presença de baleias: veja lista que inclui Brasil, Argentina e EUA

Supremo da França confirma primeira condenação definitiva contra Nicolas Sarkozy

Tropas norte-coreanas sofreram mais de 200 baixas em Kursk, diz Kiev