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Em pleno confinamento, Portugal se prepara para eleição presidencial

Dada a impossibilidade de adiamento das eleições, candidatos temem uma abstenção recorde na eleição presidencial

Portugal: quase 14.900 pessoas morreram de covid-19, com o total de casos chegando a 778.369 (PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP)

Portugal: quase 14.900 pessoas morreram de covid-19, com o total de casos chegando a 778.369 (PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP)

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AFP

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 11h39.

Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 17h37.

Os portugueses vão às urnas no próximo domingo numa eleição presidencial marcada mais pela pandemia - que obrigou o país a retornar ao confinamento - do que pela previsível vitória do conservador Marcelo Rebelo de Sousa. 

Perante a explosão de casos da covid-19, que fez com que Portugal ocupasse o primeiro lugar no mundo em termos de novos casos em relação à população, não estava previsto nenhum comício para esta sexta-feira, último dia da campanha eleitoral, antes da "jornada de reflexão" de sábado.

No entanto, o estado de emergência sanitária instaurado em novembro e o segundo confinamento geral, decretado há uma semana, não perturbaram o calendário eleitoral do país, fixado em lei e praticamente inalterável.

Dada a impossibilidade de adiamento das eleições, candidatos e observadores temem uma abstenção recorde, o que pode impactar na confiabilidade das urnas, unânimes em creditar a vitória para o atual presidente no primeiro turno.

Para estimular a participação dos cerca de 9,8 milhões de eleitores cadastrados - 1,5 milhão deles no exterior - pela primeira vez as autoridades eleitorais organizaram, no último domingo, uma jornada de votação antecipada, nas quais cerca de 200.000 eleitores participaram.

Segundo turno?

Com o número de mortos da covid-19 quebrando recordes todos os dias, o governo decidiu aumentar as restrições e ordenou o fechamento de escolas por duas semanas a partir desta sexta-feira.

Neste contexto de medidas de saúde, equipes de voluntários viajaram de porta em porta para coletar as cédulas eleitorais de cerca de 13.000 pessoas, que estão em quarentena ou são mantidas confinadas em asilos.

"Há um ano estas eleições foram anunciadas como um mar de rosas" para o presidente em fim de mandato, Marcelo Rebelo de Sousa, ex-professor de direito de 72 anos, que ficou conhecido  como comentarista político na televisão, explica a cientista política Paula Espírito Santo, da Universidade de Lisboa. Mas "isso pode não ser tão simples", acrescentou.

"Basta que haja uma abstenção de 70% para um segundo turno ser quase inevitável", avisou Rebelo de Sousa esta semana, que vai disputar o cargo com seis rivais.

Os quatro presidentes que Portugal conheceu desde a chegada da democracia em 1974 foram reeleitos no primeiro turno.

O atual chefe de Estado, muito popular desde a sua eleição há cinco anos, conviveu sem dificuldades com os socialistas do primeiro-ministro Antonio Costa, que para evitar uma derrota descartaram apresentar a candidatura.

Surpresa populista?

No entanto, esse cenário tão previsível pode desmotivar os apoiadores do presidente para ir às urnas, ainda mais considerando que uma parte da direita o acusa de ter sido muito complacente com o Executivo, que chegou ao poder pouco antes dele graças ao apoio da esquerda radical.

A principal surpresa das eleições poderá vir do candidato da direita populista, André Ventura.

Depois de ter fundado o partido anti-sistema "Chega" ("Basta"), este jurista de 38 anos, oriundo da mesma formação de centro-direita do presidente em fim de mandato, ingressou no Parlamento nas eleições legislativas de 2019 com 1,3% dos votos.

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