Em pleno 2017, desigualdade entre homens e mulheres cresce
A lacuna entre homens e mulheres neste ano está 68% fechada. Em 2016, essa percentagem era de 68,3%, avalia relatório do Fórum Econômico Mundial
Gabriela Ruic
Publicado em 2 de novembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 2 de novembro de 2017 às 09h06.
São Paulo – A caminhada lenta, porém estável do mundo rumo à igualdade de gênero foi interrompida em 2017: a paridade entre homens e mulheres diminuiu. A preocupante constatação é da edição atual do Global Gender Gap Report, relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial , que foi divulgada globalmente na madrugada desta quinta-feira, 2 de novembro.
De acordo com o estudo, que avalia 144 países, a lacuna entre homens e mulheres neste ano está 68% fechada. Em 2016, essa percentagem era de 68,3% e, em 2015, 68,1%. Segundo a entidade, é a primeira vez em dez anos que essa deterioração é notada em âmbito global. A série histórica do relatório começou em 2006.
O Global Gender Gap Report investiga os países em quatro pilares principais: Participação Econômica e Oportunidade, Acesso à Educação, Saúde e Sobrevivência e Empoderamento Político. Por trás dessa queda, explica a pesquisa, está a redução da igualdade no ponto de vista econômico e político.
No primeiro, que inclui a igualdade salarial, por exemplo, nenhum país fechou totalmente a brecha que separa homens e mulheres, mas 13 deles avançaram cerca de 80%. No segundo, apenas a Islândia conseguiu ultrapassar a marca de 70%. Já nos pilares que avaliam o acesso à educação e à saúde, o desempenho global segue estável, com 27 países conseguindo promover a igualdade total na educação e 34 na saúde.
Isso, no entanto, não é suficiente para reverter as perdas que 2017 trouxe para a luta pela igualdade entre os gêneros. Ainda de acordo com a pesquisa, se o ritmo de diminuição da lacuna se mantiver como o observado hoje, levará 100 anos até que as mulheres e homens sejam tratados igualitariamente. Em 2016, a expectativa era a de que tal brecha se fechasse em até 83 anos. No ambiente de trabalho, isso só acontecerá daqui 270 anos.
Ranking
Na edição atual do ranking, não há novidades sobre os países que hoje ocupam o topo: a Islândia segue consolidada na primeira colocação, seguida pela Noruega (2ª) e pela Finlândia (3ª). No entanto, o topo conta com a presença de países não-europeus, como Ruanda representando a África (4º), Nicarágua a América Latina (6ª) e as Filipinas a Ásia.
Os Estados Unidos caíram quatro posições e aparecem em 49º entre os melhores países. O estudo nota que a queda do país mais poderoso do mundo se deu por conta da redução na participação feminina no governo Trump, o mais “masculino” do país em décadas: 80% das posições principais do gabinete republicano são ocupadas por homens.
No que diz respeito ao Brasil, o cenário também é preocupante, uma vez que o país caiu onze posições desde a edição anterior do ranking e está em 90º. Em 2006, a população brasileira chegou a ocupar a 67ª posição entre os melhores países do mundo para mulheres, mas o ritmo de fechamento da lacuna que separa os gêneros avançou menos de 3% em uma década.