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Em plena campanha, Netanyahu chega aos EUA em busca de apoio de Trump

Segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel, Trump assinará um decreto reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã

Alguns analistas se perguntam se Netanyahu receberá outros "presentes" dos Estados Unidos durante sua visita (Jonathan Ernst/Reuters)

Alguns analistas se perguntam se Netanyahu receberá outros "presentes" dos Estados Unidos durante sua visita (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de março de 2019 às 15h46.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em plena campanha eleitoral em seu país, chegou aos Estados Unidos neste domingo (24), onde nos próximos dias aparecerá ao lado de seu grande aliado, o presidente Donald Trump.

Segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel, Trump assinará um decreto reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã durante uma reunião na segunda-feira com Netanyahu em Washington.

"O presidente Trump assinará amanhã, na presença do primeiro-ministro Netanyahu, um decreto reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã", escreveu no Twitter o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, em referência ao território sírio conquistado por Israel na guerra dos Seis Dias de 1967.

Donald Trump anunciou na quinta-feira, em um tuíte, que havia chegado o momento "para os Estados Unidos de reconhecer plenamente a soberania de Israel sobre Golã, que tem uma importância estratégica para o Estado de Israel e para a estabilidade regional", rompendo assim com o consenso internacional e a posição de décadas da diplomacia americana no Oriente Médio.

Pouco antes deste anúncio, o primeiro-ministro israelense caía nas pesquisas contra seu principal rival, o general Benny Gantz. Para alguns observadores, o anúncio de Trump teve como objetivo fortalecer a campanha eleitoral de Netanyahu, que está no poder há uma década.

O presidente dos Estados Unidos já está muito presente na campanha das eleições legislativas israelenses de 9 de abril, e em Jerusalém e Tel Aviv há cartazes gigantes com uma imagem dos dois homens apertando as mãos.

Netanyahu, que está sendo investigado por corrupção, quebra de confiança e fraude em três casos diferentes, também adotou as declarações de Trump em seus vídeos eleitorais, descrevendo o primeiro-ministro como "duro, inteligente e forte".

Outros "presentes"?

Netanyahu, que afirma ser o único capaz de obter sucessos diplomáticos como o reconhecimento de Trump, congratulou-se com o marco "histórico" e publicou uma foto de sua conversa telefônica com ele.

O presidente dos EUA, por sua vez, disse que sua iniciativa não tem nada a ver com as eleições israelenses ou com o possível apoio a Netanyahu.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, disse o mesmo sobre sua visita a Jerusalém na quarta e quinta-feira, durante a qual ele se tornou o primeiro oficial dos EUA a visitar o Muro das Lamentações em Jerusalém - o lugar mais sagrado para os judeus- com um primeiro-ministro israelense.

Até agora, as autoridades americanas haviam evitado essa visita para não tomar partido na complexa questão da soberania de Jerusalém.

Alguns analistas se perguntam se Netanyahu receberá outros "presentes" dos Estados Unidos durante sua visita.

Trump vai receber Netanyahu não uma, mas duas vezes na Casa Branca, primeiro na segunda-feira para uma "reunião de trabalho" e na terça-feira para um jantar.

Desde que chegou ao poder em janeiro de 2017, Trump multiplicou seus gestos em favor de Israel, especialmente com o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel em dezembro de 2017 e a transferência da embaixada dos EUA, em maio de 2018, de Tel Aviv para a cidade sagrada.

Trump também tem em vista os evangelistas cristãos dos Estados Unidos, que constituem uma parte importante de seu eleitorado. Netanyahu não poupa elogios ao que considera "seu amigo".

Trump "é muito sensível às relações pessoais, e 'Bibi' [o apelido de Netanyahu] o estragou muito", diz Jonathan Rynhold, professor de Ciência Política.

O ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos, Michael Oren, hoje ministro-adjunto encarregado da diplomacia, observa por sua vez que Netanyahu e Trump "compartilham o mesmo desprezo do politicamente correto".

Em Washington, Netanyahu também pode reivindicar outra vitória diplomática: a primeira-ministra romena, Viorica Dancila, prometeu neste domingo que seu país também mudará sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, uma transferência que iria contra a posição europeia e também confrontos com o presidente romeno.

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