Em meio a intenso conflito, Piñera diz que 2019 deixou feridas no Chile
Era esperado que o presidente chileno se pronunciasse em rede nacional, como fez no ano passado, mas ele recuou devido à crise política e social do país
EFE
Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 17h15.
Santiago de Chile — O presidente do Chile , Sebastián Piñera, afirmou nesta terça-feira que 2019 foi um ano complicado, que deixou marcas profundas no país, que segue atravessando a pior crise social das últimas três décadas, com saldo de ao menos 24 mortos.
"Temos que ser capazes de curar nossas feridas e, para isso, não basta cobrí-las ou ignorá-las. É preciso abrí-las, compreendê-las e curá-las, para que possam se recuperar", afirmou o mandatário, em curto vídeo postado nas redes sociais.
Piñera ainda apresentou uma possível receita para superar os conflitos políticos e sociais no Chile, que atravessa por onda de protestos nos últimos meses.
"Recuperar a amizade e a unidade entre os chilenos, recuperar nossa capacidade de dialogar e fazer acordos, porque são os melhores caminhos para alcançar a paz", disse o presidente.
Era esperado que Piñera — que começou o segundo mandato em 2018 e conta apenas com 11% de aprovação — se pronunciasse em rede nacional, como fez no ano passado, mas hoje pela manhã a equipe de comunicação do presidente informou que não haveria a mensagem de fim de ano pela televisão.
"É legítimo, é bom, que tenhamos pensamentos diferentes, desde que sempre respeitemos essas diferenças, e sempre e quando essas diferenças não nos impeçam de trabalhar juntos e construir juntos um melhor futuro para todos", afirmou o chefe de governo, em vídeo.
"Estes são tempos importantes", completou Piñera.
Para a virada do ano, está prevista uma concentração de manifestantes na Praça Itália, que fica no centro de Santiago e se tornou o epicentro da convulsão social no país.
A revolta popular iniciada em outubro é a maior desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, e rendeu graves violações aos direitos humanos, segundo acusações feitas pelo Alto Comissariado da ONU para o tema (ACNUDH), a Anistia Internacional e a Humam Rights Watch.
Piñera reconheceu alguns abusos pontuais das forças de segurança, mas negou haver uma política sistemática de ataque a manifestantes. Além disso, se comprometeu a investigar os casos.