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Em eleição com 16 candidatos no Equador, esquerda lidera disputa pela presidência

Eleição no Equador é a primeira na América Latina neste ano. Os favoritos são o economista de esquerda Andrés Arauz e o ex-banqueiro Guillermo Lasso

Equador: a abstenção "favorece o correísmo", diz o diretor do instituto Market (Johanna Alarcon/Reuters)

Equador: a abstenção "favorece o correísmo", diz o diretor do instituto Market (Johanna Alarcon/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 11h47.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2021 às 16h24.

Equador sedia neste domingo, 7, as primeiras eleições de 2021 em um país da América Latina. O país vive uma disputa polarizada entre uma direita conservadora aglutinada sob a liderança de um ex-banqueiro e uma esquerda dispersa, liderada pelos herdeiros do "correísmo".

Um total de 13,1 milhões de eleitores estão registrados para votar e definir o sucessor do impopular presidente Lenín Moreno, que assumiu o poder em maio de 2017 e não disputa a reeleição.

Entre os 16 candidatos (um número recorde), os favoritos são o economista de esquerda Andrés Arauz, que completou 36 anos no sábado, e o ex-banqueiro de direita Guillermo Lasso, de 65, que disputa a eleição pela terceira vez. Eles aparecem com 32% e 21% das intenções de voto, respectivamente, segundo a pesquisa mais recente do instituto Market.

Analistas e pesquisas -- cuja publicação está proibida há 10 dias no Equador -- projetam um segundo turno, previsto para 11 de abril.

"A dispersão de partidos e movimentos na cédula presidencial reflete instituições frágeis, máquinas eleitorais ativadas apenas quando há eleições, onde não há estruturas fortes", disse à AFP a cientista política Karen Garzón Sherdek, da Universidade Internacional SEK.

Arauz, da coalizão União pela Esperança (Unes), é o pupilo do polêmico ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), ex-aliado de Moreno.

As urnas foram abertas às 9h (horário de Brasília, 7h no Equador), e a votação vai até às 19h. Há ainda um terceiro candidato que pode surpreender: o advogado Yaku Pérez, que representa o movimento indígena, está alinhado com a esquerda contrária ao correísmo e que lidera uma batalha contra a mineração e em defesa da água.

Na andina de Cuenca (sul), cidade natal de Pérez, também acontece uma consulta popular do município para decidir sobre a proibição ou não da exploração de metais a nível industrial nas proximidades de cinco rios.

Os eleitores comparecem aos locais de votação com máscara de proteção. A pandemia de covid-19 provocou mais de 257.000 casos e mais de 15.000 mortes no Equador -- o país chegou a deixar cadáveres nas ruas no começo da crise, diante da falta de leitos e falta de espaço nos cemitérios.

O que esperar do segundo turno

Do partido indígena Pachakutik, Pérez, de 51 anos e com 12% na pesquisa Market, pode ser decisivo no segundo turno.

Para conquistar a presidência no primeiro turno, um candidato precisa de metade dos votos válidos mais um ou pelo menos 40% com uma diferença de 10 pontos para o rival mas próximo.

O país, de 17,4 milhões de habitantes, enfrenta uma crise acentuada pela queda do preço petróleo, seu principal produto de exportação, enquanto a dívida externa dobrou de tamanho e agora representa 44% do PIB.

Além da economia abalada pela covid-19 e os preços do petróleo, os equatorianos têm sido impactos por medidas de austeridade profundas do presidente Lenín Moreno, como forma de equilibrar as contas do governo. Moreno chegou a ser vice-presidente de Correa entre 2007 e 2013, mas rompeu com o correísmo e a esquerda equatoriana.

O atual presidente ajudou a escorar as finanças do governo com cortes de gastos e um acordo de financiamento de cerca de 6,5 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não conseguiu fazer o país decolar.

A votação deste domingo também designará os 137 membros da Assembleia Nacional, mas devido à fragmentação das forças políticas, nenhum partido deve obter maioria, o que deve ser outro desafio ao presidente eleito durante o mandato.

O nível de participação pode se influenciado pelo temor de contágio de covid-19. O diretor do instituto Market, Blasco Peñaherrera, afirmou que a abstenção "favorece o correísmo".

Correa, que mora na Bélgica desde 2017, tentou ser o candidato a vice na chapa de Arauz, mas foi impedido porque enfrenta uma ordem de prisão por ter sido condenado em 2020 a oito anos de prisão por corrupção.

Lasso, do movimento Criando Oportunidades (Creo) e que lidera o anticorreísmo, tem o apoio do Partido Social Cristão, que Correa não conseguiu destronar do porto de Guayaquil (sudoeste), núcleo comercial e fortaleza equatoriana da direita.

No segundo turno de 2017, Lasso perdeu por apenas dois pontos percentuais contra o atual presidente Moreno.

(Com AFP e Reuters)

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