Em dia de mais protestos, indígenas do Equador iniciam diálogo com governo
Desde o início dos protestos, cinco pessoas morreram, sendo uma delas um líder indígena
Vanessa Barbosa
Publicado em 12 de outubro de 2019 às 16h04.
Centenas de manifestantes, muitos encapuzados, tomaram diversos locais de Quito, Capital do Equador, neste sábado, paralisando ruas e atacando veículos particulares. O protesto ocorreu na esteira dos atos contra a elevação dos preços dos combustíveis, decretada no início no início do mês, e no mesmo dia em que indígenas abriram canais de diálogo com o governo de Lenín Moreno.
As cenas de bloqueios com plantas, madeira e montes de terra, que no início do dia eram esporádicas, se generalizaram ao mesmo tempo em que a violência se espalhou pela cidade. Haviam ainda grupos de manifestantes em caminhonetes ou à pé, com bandeiras e em meio a gritos de protesto.
Nas regiões mais altas da capital foram reportados cortes do serviço de água. O município de Quito informou que as vias que chegam ao aeroporto estão bloqueadas por manifestantes.
O prefeito da capital, Jorge Yunda, disse que os manifestantes têm o direito de protestar. "Porém não vamos permitir que se vá além de um protesto", disse.
O governo federal, principal alvo dos protestos, não se manifestou.
Em meio à situação, a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) disse por meio do Twitter que, após consulta com as comunidades, decidiu participar do diálogo direto com o presidente.
Minutos depois do tuíte da tarde de sábado, Leonidas Iza, líder quíchua da província de Cotopaxi, disse à televisão Ecuavisa que os indígenas pediram "condições mínimas para o diálogo", incluindo o fim da violência do governo contra manifestantes.
Desde o início dos protestos, cinco pessoas morreram, sendo uma delas um líder indígena.
Até ontem, manifestantes indígenas haviam se recusado a negociar até que Moreno restaurasse os subsídios à gasolina.
Este é o principal ponto da batalha entre manifestantes e o governo. Em meio à crise fiscal, o presidente Lenin Moreno aumentou impostos, modernizou a legislação trabalhista e eliminou subsídios aos combustíveis, que fez com que o galão da gasolina subisse de US$ 1,85 a US$ 2,39.
O pânico e a especulação provocaram a disparada dos preços, com os custos de alguns produtos duplicando - como o mamão e as tarifas de ônibus rurais. Fonte: Associated Press.