Exame Logo

Em Cuba, Chávez completa um ano com problemas de saúde

Para o analista Carlos Romero o principal elemento que introduziu a doença do presidente na realidade do país foi a constatação de que "todos os homens são mortais"

E, enquanto isso, ainda não se sabe quando o próprio Chávez volta a Caracas (©AFP/Arquivo / Ho)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2012 às 18h06.

Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez , completou um ano desde que seus problemas de saúde se tornaram públicos com o anúncio do adiamento de uma viagem internacional por uma lesão, que naquele momento se situou no joelho e que, desde então, condicionou a vida política do país inteiro.

No dia 9 de maio de 2011, o presidente preferiu suspender uma viagem que devia levá-lo ao Brasil, Equador e Cuba após machucar o joelho, incidente que, segundo ele, lhe deixou um "vazamento de líquido".

O presidente venezuelano atribuiu então o percalço a uma velha lesão dos "anos moços" que tinha se intensificado pela dura dinâmica de trabalho de dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando o país viveu uma emergência provocada pelas chuvas.

"Estou aqui com os médicos e me recomendaram repouso absoluto por vários dias, ainda não sabemos quantos. Me dói muito porque isso limita um pouco o corpo, mas a alma jamais será limitada", disse o líder um ano atrás.

Chávez retomou um mês depois essa viagem que, devido aos problemas de saúde, acabou em Cuba com o presidente venezuelano passando pela sala de cirurgia duas vezes: uma para lhe extrair um abscesso pélvico e outra para intervir contra um tumor na pélvis que ainda hoje é um mistério quanto a sua localização exata e gravidade.

Um ano depois, Chávez segue em Havana um tratamento de radioterapia ao que teve de passar após ser submetido em fevereiro a uma intervenção para lhe extrair um novo tumor maligno, recorrência do câncer do que foi intervindo há quase 11 meses.

Para o analista Carlos Romero, professor de Ciência Política da Universidade Central da Venezuela, o principal elemento que introduziu a doença do presidente na realidade do país foi a constatação de que "todos os homens são mortais" e que "o presidente Chávez não é o Super-Homem".


Romero considerou que a doença se transformou no elemento que "acompanhou todos os venezuelanos neste ano" e "deslocou na agenda política os demais temas, incluindo o tema da campanha" para as eleições presidenciais de 7 de outubro, nas quais Chávez busca a reeleição.

Ele afirmou que "isso é um regime estável" e que seguiu manejando as mesmas políticas à revelia de Chávez. "Neste um ano da doença, demonstrou-se que há um controle do regime sobre os poderes, não houve vazio político, não se gerou uma revolta na Venezuela a propósito da doença e continuou sua política de expropriações, de estatizações, de exclusão da metade dos venezuelanos".

Outro elemento relevante, na opinião de Romero, é o respaldo que o líder recebeu da comunidade internacional, que, segundo ele, reagiu "em sua maioria defendendo que o presidente Chávez saia desta circunstância porque o consideram um fator de estabilidade regional".

Além disso, a doença, segundo Romero, incidiu diretamente no processo eleitoral enquanto a maioria das pesquisas indica uma ampla vantagem do presidente sobre o candidato único da oposição, Henrique Capriles.

A última, divulgada nesta quarta-feira pelo instituto GIZ-XXI, dirigido pelo ex-ministro Jesse Chacón, aponta uma vantagem de 36 pontos percentuais de Chávez sobre Capriles e ressalta o convencimento de 70% da população de que Chávez será candidato à terceira reeleição frente ao opositor.

A possibilidade de que Chávez não pudesse concorrer ao pleito foi um dos argumentos reiterados em círculos da oposição, mas o chavismo cerrou fileiras em torno do líder como único candidato para essas eleições.

Também a plataforma opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) manifestou sua rejeição "a qualquer ensaio, cenário ou plano" que os dirigentes governistas possam manejar para adiar as eleições de 7 de outubro.

Enquanto isso, Capriles iniciou nesta quarta-feira uma viagem internacional na Colômbia, onde disse que não entrou nem vai entrar "no terreno das especulações" sobre a saúde de Chávez, mas assinalou que, caso seu adversário político não esteja em condições de concorrer a uma disputa eleitoral, deveria explicitá-lo.

Capriles garantiu também, caso vença as eleições, o retorno de seus compatriotas que abandonaram o país durante o governo Chávez.

E, enquanto isso, ainda não se sabe quando o próprio Chávez volta a Caracas. Na segunda-feira, ele disse que retornaria ao país em poucos dias, mas não especificou a data.

"Já na reta final do tratamento, nos próximos dias, devo fazer o papel de retorno com o favor de Deus para me incorporar progressivamente à primeira linha de batalha", declarou o líder na segunda-feira.

Veja também

Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez , completou um ano desde que seus problemas de saúde se tornaram públicos com o anúncio do adiamento de uma viagem internacional por uma lesão, que naquele momento se situou no joelho e que, desde então, condicionou a vida política do país inteiro.

No dia 9 de maio de 2011, o presidente preferiu suspender uma viagem que devia levá-lo ao Brasil, Equador e Cuba após machucar o joelho, incidente que, segundo ele, lhe deixou um "vazamento de líquido".

O presidente venezuelano atribuiu então o percalço a uma velha lesão dos "anos moços" que tinha se intensificado pela dura dinâmica de trabalho de dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando o país viveu uma emergência provocada pelas chuvas.

"Estou aqui com os médicos e me recomendaram repouso absoluto por vários dias, ainda não sabemos quantos. Me dói muito porque isso limita um pouco o corpo, mas a alma jamais será limitada", disse o líder um ano atrás.

Chávez retomou um mês depois essa viagem que, devido aos problemas de saúde, acabou em Cuba com o presidente venezuelano passando pela sala de cirurgia duas vezes: uma para lhe extrair um abscesso pélvico e outra para intervir contra um tumor na pélvis que ainda hoje é um mistério quanto a sua localização exata e gravidade.

Um ano depois, Chávez segue em Havana um tratamento de radioterapia ao que teve de passar após ser submetido em fevereiro a uma intervenção para lhe extrair um novo tumor maligno, recorrência do câncer do que foi intervindo há quase 11 meses.

Para o analista Carlos Romero, professor de Ciência Política da Universidade Central da Venezuela, o principal elemento que introduziu a doença do presidente na realidade do país foi a constatação de que "todos os homens são mortais" e que "o presidente Chávez não é o Super-Homem".


Romero considerou que a doença se transformou no elemento que "acompanhou todos os venezuelanos neste ano" e "deslocou na agenda política os demais temas, incluindo o tema da campanha" para as eleições presidenciais de 7 de outubro, nas quais Chávez busca a reeleição.

Ele afirmou que "isso é um regime estável" e que seguiu manejando as mesmas políticas à revelia de Chávez. "Neste um ano da doença, demonstrou-se que há um controle do regime sobre os poderes, não houve vazio político, não se gerou uma revolta na Venezuela a propósito da doença e continuou sua política de expropriações, de estatizações, de exclusão da metade dos venezuelanos".

Outro elemento relevante, na opinião de Romero, é o respaldo que o líder recebeu da comunidade internacional, que, segundo ele, reagiu "em sua maioria defendendo que o presidente Chávez saia desta circunstância porque o consideram um fator de estabilidade regional".

Além disso, a doença, segundo Romero, incidiu diretamente no processo eleitoral enquanto a maioria das pesquisas indica uma ampla vantagem do presidente sobre o candidato único da oposição, Henrique Capriles.

A última, divulgada nesta quarta-feira pelo instituto GIZ-XXI, dirigido pelo ex-ministro Jesse Chacón, aponta uma vantagem de 36 pontos percentuais de Chávez sobre Capriles e ressalta o convencimento de 70% da população de que Chávez será candidato à terceira reeleição frente ao opositor.

A possibilidade de que Chávez não pudesse concorrer ao pleito foi um dos argumentos reiterados em círculos da oposição, mas o chavismo cerrou fileiras em torno do líder como único candidato para essas eleições.

Também a plataforma opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) manifestou sua rejeição "a qualquer ensaio, cenário ou plano" que os dirigentes governistas possam manejar para adiar as eleições de 7 de outubro.

Enquanto isso, Capriles iniciou nesta quarta-feira uma viagem internacional na Colômbia, onde disse que não entrou nem vai entrar "no terreno das especulações" sobre a saúde de Chávez, mas assinalou que, caso seu adversário político não esteja em condições de concorrer a uma disputa eleitoral, deveria explicitá-lo.

Capriles garantiu também, caso vença as eleições, o retorno de seus compatriotas que abandonaram o país durante o governo Chávez.

E, enquanto isso, ainda não se sabe quando o próprio Chávez volta a Caracas. Na segunda-feira, ele disse que retornaria ao país em poucos dias, mas não especificou a data.

"Já na reta final do tratamento, nos próximos dias, devo fazer o papel de retorno com o favor de Deus para me incorporar progressivamente à primeira linha de batalha", declarou o líder na segunda-feira.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCâncerCubaDoençasHugo ChávezPolíticosVenezuela

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame