Em caso de calote, Obama terá uma “escolha de Sofia”
Presidente americano terá de escolher entre pagar os aposentados, os estados e municípios ou os credores externos
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2011 às 12h15.
São Paulo – Com a proximidade do dia 2 de agosto e a ausência de um acordo no Congresso que permita a elevação do teto da dívida americana, o mercado já está calculando os impactos reais de um eventual calote dos Estados Unidos.
Se não houver um arranjo político de última hora, o fato concreto é que o presidente Barack Obama terá de fazer uma “escolha de Sofia”: pagar os aposentados, os estados e municípios ou os credores externos, como China e Brasil.
Em tempo: “A Escolha de Sofia” é o título de um livro e de um filme que retratam a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher quem será executado: o filho ou a filha. Se ela se recusar a escolher, os dois morrem.
A decisão de Obama também não é simples e a má notícia é que todas as alternativas têm altíssimos custos políticos e econômicos. Vejamos:
Não pagar os aposentados
Será um desastre político às vésperas das eleições de 2012, quando Obama tentará a reeleição. Como explicar aos eleitores que idosos ficarão a ver navios? Do ponto de vista econômico, menos renda nas mãos das pessoas significa consumo adiado num momento em que a economia americana precisa de um varejo fortalecido que impulsione as indústrias, girando a roda da economia.
Bloquear repasses aos estados e municípios
O efeito político também será enorme, pois prefeitos e governadores não ficarão nada satisfeitos com o corte de recursos federais. Sem dinheiro, os governantes podem intensificar as demissões de funcionários públicos, piorando a renda disponível para o consumo das famílias.
Não pagar os credores externos
A China será a principal prejudicada pelo calote. O Brasil também é grande detentor de papéis americanos. Do ponto de vista da política interna, talvez seja a escolha mais fácil no curto prazo. Porém, além de acabar com uma imagem de risco zero da economia americana criada ao longo de décadas, a moratória poderá desarrumar o mercado financeiro internacional de tal forma que uma fortíssima crise torna-se provável, jogando a economia americana para a recessão. Nesse caso, entrar na corrida eleitoral com a economia em frangalhos seria um desastre para Obama.
Além disso, um calote externo obrigaria as agências de classificação de risco a rebaixar a nota americana e, consequentemente, o mercado cobraria juros maiores para continuar financiando a dívida pública e até do setor privado.
Sofia fez sua escolha. Qual será a de Obama se o calote for inevitável?
São Paulo – Com a proximidade do dia 2 de agosto e a ausência de um acordo no Congresso que permita a elevação do teto da dívida americana, o mercado já está calculando os impactos reais de um eventual calote dos Estados Unidos.
Se não houver um arranjo político de última hora, o fato concreto é que o presidente Barack Obama terá de fazer uma “escolha de Sofia”: pagar os aposentados, os estados e municípios ou os credores externos, como China e Brasil.
Em tempo: “A Escolha de Sofia” é o título de um livro e de um filme que retratam a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher quem será executado: o filho ou a filha. Se ela se recusar a escolher, os dois morrem.
A decisão de Obama também não é simples e a má notícia é que todas as alternativas têm altíssimos custos políticos e econômicos. Vejamos:
Não pagar os aposentados
Será um desastre político às vésperas das eleições de 2012, quando Obama tentará a reeleição. Como explicar aos eleitores que idosos ficarão a ver navios? Do ponto de vista econômico, menos renda nas mãos das pessoas significa consumo adiado num momento em que a economia americana precisa de um varejo fortalecido que impulsione as indústrias, girando a roda da economia.
Bloquear repasses aos estados e municípios
O efeito político também será enorme, pois prefeitos e governadores não ficarão nada satisfeitos com o corte de recursos federais. Sem dinheiro, os governantes podem intensificar as demissões de funcionários públicos, piorando a renda disponível para o consumo das famílias.
Não pagar os credores externos
A China será a principal prejudicada pelo calote. O Brasil também é grande detentor de papéis americanos. Do ponto de vista da política interna, talvez seja a escolha mais fácil no curto prazo. Porém, além de acabar com uma imagem de risco zero da economia americana criada ao longo de décadas, a moratória poderá desarrumar o mercado financeiro internacional de tal forma que uma fortíssima crise torna-se provável, jogando a economia americana para a recessão. Nesse caso, entrar na corrida eleitoral com a economia em frangalhos seria um desastre para Obama.
Além disso, um calote externo obrigaria as agências de classificação de risco a rebaixar a nota americana e, consequentemente, o mercado cobraria juros maiores para continuar financiando a dívida pública e até do setor privado.
Sofia fez sua escolha. Qual será a de Obama se o calote for inevitável?