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Em carta à FAO, papa pede mudanças em produção agrícola

O papa Francisco fez um apelo para que a organização mude paradigmas de políticas de ajuda e desenvolvimento e as regras de produção agrícola


	Papa Francisco: Francisco destacou que os "famintos são pessoas, e não números"
 (Gabriel Bouys/AFP)

Papa Francisco: Francisco destacou que os "famintos são pessoas, e não números" (Gabriel Bouys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 13h56.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco fez um apelo para que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) mude os paradigmas das políticas de ajuda e desenvolvimento, assim como as regras internacionais de produção agrícola.

Francisco destacou que os "famintos são pessoas, e não números", cuja "dignidade vem antes dos cálculos econômicos".

Ele também criticou o desperdício de alimentos, a quantidade de comida destruída e a especulação nos preços.

"Até quando se continuará defendendo os sistemas de produção e de consumo que excluem a maior parte da população mundial?", questionou o pontífice.

"Este é um dos paradoxos mais dramáticos do nosso tempo, ao qual assistimos com impotência, mas também com indiferença, incapazes de sentir compaixão diante do grito de dor dos outros, como se tudo fosse uma responsabilidade externa que não nos compete", escreveu o papa ao diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, por ocasião da Dia Mundial da Alimentação, comemorado ontem (16).

Na mesma carta, Francisco observou ainda que, apesar dos progressos em muitos países, os dados recentes continuam apresentando uma situação inquietante, reflexo da redução geral das ajudas públicas ao desenvolvimento".

O papa pediu para que as pessoas comecem a ser consideradas humanas, e não "grupos numéricos", e que sejam adotadas novas formas de "gestão da nutrição".

Nesse sentido, ele também destacou a necessidade de proteção das famílias rurais.

"As comunidades rurais devem ser protegidas diante das graves ameaças, determinadas pela ação humana ou pelos desastres naturais. Isso não pode ser apenas uma estratégia, mas sim, uma ação pensada para favorecer a sua participação nas tomadas de decisões, a tornar acessível as tecnologias apropriadas e a estender o seu uso, sempre respeitando o ambiente".

"É importante que se fale de família rural e que se celebrem anos internacionais para recordar sua relevância. Mas tudo isso não é suficiente: esta reflexão deve ser acompanha de iniciativas concretas", disse o papa.

Neste ano, o Dia Mundial da Alimentação teve como tema "Agricultura Familiar: Nutrir o mundo, preservar o planeta".

De acordo com a FAO, mais de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo.

A entidade, ligada às Nações Unidas, estima que a agricultura familiar, por sua vez, produza cerca de 80% dos alimentos do planeta.

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