Em 2010, 2.421 civis morreram na Guerra do Afeganistão
Número das vítimas fatais representa um aumento de 3,8% em relação a 2009
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2011 às 08h14.
Cabul - Pelo menos 2.421 civis afegãos morreram por conta da guerra no país centro-asiático, um aumento de 3,8% com relação aos números do ano anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira por uma organização independente do Afeganistão.
De acordo com o relatório anual da organização Afghanistan Rights Monitor (ARM), a guerra deixou ainda cerca de 3.270 pessoas feridas no ano passado.
Os números de vítimas fatais civis representaram um "recorde" desde a queda do regime talibã em 2001, com uma média de seis a sete habitantes mortos a cada dia por causa do conflito.
As mortes superaram em 3,8% as registradas pela ARM em 2009, que foram 2.332.
Segundo a ARM, a maioria das mortes de civis (63%) foi atribuída a grupos armados da oposição, seguidas pelas causadas pela Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) (21%) e pelas forças de segurança do Governo afegão (12%).
Os dados da ARM divergem ligeiramente dos divulgados no mês passado pelo Ministério do Interior afegão, que cifrou em 2.043 o número de civis mortos e em 3.570 o de feridos em 2010, além de 5.225 supostos insurgentes e de 1.292 policiais mortos.
Por sua vez, a ONU, em seu relatório mais recente, revelou que nos primeiros nove meses de 2010 (janeiro a setembro) mais de 2.400 civis perderam a vida em atos violentos, frente aos 2.412 de todo o ano passado.
"Quase tudo relacionado à guerra aumentou em 2010: o número das forças conjuntas afegãs e estrangeiras superou os 350 mil; os episódios de violência ultrapassaram os 100 por semana; mais combatentes de todas as guerrilhas morreram; e o número de civis mortos, feridos e deslocados alcançou níveis recordes", lamentou a ARM em seu estudo.
Em muitos dos casos nos quais a Isaf esteve envolvida, as vítimas que não eram combatentes foram qualificadas pela organização militar como "suspeitos insurgentes" ou "suspeitos talibãs" para justificar ataques aéreos ou por terra, criticou a ARM.
A organização independente contabilizou 217 mortes de civis só em bombardeios da Otan e 192 por conta de fogo direto ou indireto de seus homens.
Mas os artefatos explosivos improvisados e bombas de fabricação caseira que frequentemente são utilizados pela insurgência continuaram sendo "a arma mais letal", já que suas explosões mataram 693 civis e mais de 1.800 pessoas ficaram feridas no ano de referência.
Neste sentido, a organização instou aos grupos insurgentes a frear o "uso indiscriminado e estendido" de bombas caseiras em áreas habitadas pela população civil, assim como "interromper imediatamente" os atentados suicidas e os assassinatos de civis e políticos.
A ARM também exigiu tanto do Governo afegão quanto da força da Otan que deixem de "criar, contratar e usar grupos armados irregulares e milícias" para lutar contra a insurgência em áreas inseguras, e que, por outro lado, promovam o desenvolvimento dos corpos de segurança "constitucionais".
De acordo com sua própria definição, a ARM é uma organização independente estabelecida em Cabul que tenta investigar com imparcialidade e denunciar possíveis violações de direitos humanos no Afeganistão.