Aos 85 anos, rainha é uma empregada pública rica e famosa, com uma folha de serviços irrepreensível, tendo dedicado toda sua vida à Coroa (John Donegan/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2012 às 20h29.
Londres - Um elevado sentido do dever e um considerável pragmatismo acompanharam Elizabeth II em suas seis décadas no trono britânico, marcadas também pelo respeito de seus súditos.
A rainha dos independentistas, aborígines e até mesmo de James Bond é, aos 85 anos, uma empregada pública rica e famosa, com uma folha de serviços irrepreensível, tendo dedicado toda sua vida à Coroa.
Conservadora, divertida, rígida, tímida, distante, prática, sensível, observadora, tacanha e direta são alguns dos adjetivos atribuídos a esta mulher com saúde de ferro a quem, quando menina, chamavam de Lilibet, mas pouco se sabe de sua personalidade e de seus gostos.
Além da paixão pelos cavalos, seus pequenos cachorros corgis, a vida no campo e sua querida e gélida Escócia, onde se refugia todos os verões, Elizabeth II quase não revelou detalhes pessoais apesar de sua constante presença midiática.
Como corresponde a um monarca constitucional, a soberana inglesa quase nunca fala em nome próprio, mas, quando o fez, suas palavras deram a volta ao mundo.
Assim ocorreu em 1992 quando os divórcios de seus filhos, o incêndio no castelo de Windsor e a obrigatoriedade de pagar impostos a levaram a qualificar esse ano de 'annus horribilis', ou durante a crise suscitada pela morte em 1997 de Diana de Gales, quando se definiu em mensagem televisada como 'rainha e avó'.
Milionária em dinheiro, ações, propriedades, joias e obras de arte, Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em Londres em 21 de abril de 1926, filha do então príncipe Albert e da aristocrata escocesa Elizabeth Bowes-Lyon, a popular Rainha Mãe.
Elizabeth II é rainha da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, chefe de Estado de outros 15 países da Commonwealth e a soberana que, depois de Victoria (1819-1901), mais tempo ocupou um trono da Inglaterra com mil anos de história.
Esteve sempre acompanhada pelo consorte também mais longevo da monarquia britânica, seu marido, o príncipe Philip, nascido em 1921 e por quem a jovem Elizabeth se apaixonou quando se conheceram em um casamento e ela tinha apenas 13 anos.
Apesar dos contínuos rumores sobre infidelidade por parte do duque de Edimburgo, a rainha da Inglaterra foi toda sua vida mulher de um homem só, com o qual teve quatro filhos, oito netos e está prestes a ver nascer seu segundo bisneto.
Elizabeth Windsor se casou com Philip de Mountbatten em 1947, cinco anos antes de chegar ao trono em 6 de fevereiro de 1952 após a morte de seu pai, o rei George VI, coroado em 1936 pela repentina abdicação de seu irmão, Edward VIII, apaixonado por uma divorciada.
Apesar dessa reviravolta no destino que a transformou em herdeira aos dez anos, Elizabeth II é para muitos a melhor rainha do Reino Unido, cujo nome promoveu por todo o mundo com uma centena de viagens de Estado, algumas históricas como a de 1991 aos Estados Unidos ou o mais recente em 2011 à Irlanda.
Em 2011 a rainha custou ao erário 38 milhões de euros, quantidade que foi se reduzindo nos últimos anos, mas que continua sendo exorbitante para os antimonárquicos.
Seus defensores lembram que a Coroa entrega ao Estado a receita de suas propriedades e também seu gancho para o turismo: milhões de pessoas viajam para este país para ver o Palácio de Buckingham e sua popularidade ficou patente com o sucesso do casamento real de seu neto William com Kate Middleton em 2011.
Em seu longo reinado Elizabeth II nomeou doze primeiros-ministros, oito conservadores e quatro trabalhistas, de Winston Churchill a David Cameron, passando por Harold Wilson, Margaret Thatcher e o indiscreto Tony Blair.
Em suas memórias publicadas há dois anos, Blair rompeu a regra de não revelar detalhes das audiências reais e relatou seu primeiro encontro com a soberana após ganhar as eleições de 1997, cena que parece inspirada no filme 'A Rainha' (2006).
'Foi bastante tímida, algo estranho em alguém com sua experiência e posição, mas, ao mesmo tempo, direta. Não quero dizer mal-educada ou insensível; simplesmente direta: 'É meu 10º primeiro-ministro. O primeiro foi Winston. Isso foi antes que o senhor nascesse', lhe disse Elizabeth II, segundo contou Blair.