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Eleitores levam democracia e direitos humanos ao centro do debate

Na reta final da corrida presidencial, maioria dos americanos crê que Trump não respeita as minorias e muitos desconfiam da honestidade de Hillary

Hillary Clinton e Donald Trump chegam na reta final de suas campanhas, mas os eleitores seguem divididos (Andrew Harrer/Bloomberg)

Hillary Clinton e Donald Trump chegam na reta final de suas campanhas, mas os eleitores seguem divididos (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Clara Cerioni

Publicado em 7 de novembro de 2016 às 10h50.

Última atualização em 7 de novembro de 2016 às 12h17.

São Paulo – A um dia de uma das eleições mais tumultuadas dos Estados Unidos, os americanos estão divididos na hora de pontuar qual candidato enxergam como aquele que manterá as tradições democráticas e o respeito aos direitos humanos, se eleito.

Essa é a conclusão de uma recente pesquisa do Pew Research Center, que entrevistou mais de dois mil eleitores durante o mês de outubro, e sinalizou os principais pontos negativos e positivos dos principais candidatos à presidência, o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton.

Trump é amplamente visto pelos eleitores como desrespeitoso em relação aos direitos humanos dos muçulmanos, mulheres, hispânicos e negros. No entanto, 43% dos americanos consideram que ele tem razoável respeito pelas instituições democráticas e demais tradições americanas.

“Essa divergência nos ajuda a entender o motivo de Trump ter ido tão longe em sua candidatura. Ele conquistou a parte mais conservadora da sociedade americana, que não considera importante o avanço de políticas públicas para as minorias”, explica Manuel Furriela, professor e coordenador do curso de relações internacionais da FMU.

Já Hillary não é questionada sobre seu posicionamento a favor desses grupos e é vista como "bem qualificada" na comparação com Trump (62% contra 32%). No entanto, um tema que preocupa os eleitores é a sua honestidade – principalmente pelo escândalo dos e-mails trocados por meio de um servidor particular e que era investigado pelo FBI.

Insultos prejudicam os candidatos?

O primeiro debate entre Trump e Hillary, em 27 de setembro, mostrou como o embate entre os candidatos assumiu contornos calorosos que repercutiriam durante toda a corrida eleitoral.

A democrata acusou o rival de racismo, sexismo e sonegação de impostos, enquanto o magnata recordou os escândalos que Hillary se envolveu e criticou a sua atuação como secretária de Estado do governo de Barack Obama.

O estudo também se propôs a analisar a visão dos eleitores sobre essa troca de acusações: a maior parte (62%) considerou que o tom de Trump durante a campanha está além do aceitável e 44% das pessoas têm a mesma visão sobre Hillary. Além disso, 54% classificam a troca de farpas um “jogo injusto” e acreditam que os candidatos deveriam focar em suas campanhas.

Desafios 

A pesquisa apontou ainda o índice de confiança dos americanos e revelou que apenas 35% dos entrevistados acreditam que a democrata será uma boa presidente e ainda menos (27%) consideram que o republicano fará um bom mandato. Para Furriela, esses números são fruto do cenário de incertezas e desafios que cada um dos candidatos enfrentará, na ocasião da sua eleição.

Em relação a Trump, o professor observa que o principal conflito a ser enfrentado pelo republicano será o embate com o Congresso. Isso porque as medidas propostas pelo empresário, e que conquistaram muitos americanos, não devem fazer sucesso no legislativo. "Ele tem ideias que retrocedem os avanços conquistados nas políticas públicas e direitos humanos. Não será nada fácil convencer o Congresso e isso frustrará as expectativas de seus eleitores”, explica Furriela.

Já sobre a democrata, embora Hillary esteja à frente em algumas pesquisas, o professor nota que o cidadão americano preza pela transparência nas informações. E esse, considera ele, é o grande problema da candidata: a falta de explicações detalhadas sobre o escândalo dos e-mails em investigação pelo FBI. "A sociedade americana quer honestidade por parte do presidente do seu país e não é o que Hillary tem feito", considera.

 

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