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Eleições nos EUA: primárias de New Hampshire pavimentam caminho para novo duelo entre Trump e Biden

Os dois candidatos tiveram vitórias expressivas nas disputas dentro dos partidos e ampliam dificuldades para rivais seguirem em campanha

O presidente Joe Biden (à esq.) e o ex-presidente Donald Trump (AFP)

O presidente Joe Biden (à esq.) e o ex-presidente Donald Trump (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 11h03.

Última atualização em 24 de janeiro de 2024 às 13h49.

Quando há um presidente disputando uma nomeação para tentar uma reeleição, sobra pouco espaço para rivais do partido. Se há dois postulantes que já passaram pelo cargo nessa situação, o espaço é ainda menor. É o que ocorre neste momento nos Estados Unidos.

Assim, Donald Trump, que presidiu o país de 2017 a 2021, caminha com tranquilidade para obter a nomeação republicana. Do lado democrata, Joe Biden, atual presidente, também avança sem sobressaltos. Os dois venceram as primárias de seus partidos em New Hampshire, na terça, 23, com folga, e aceleraram a percepção de que as nomeações poderão vir antes do esperado.

Trump teve 54,5% dos votos, ante 43,2% da única rival que segue na disputa, Nikki Haley. Esses eram os dados com 91% dos votos apurados. Ele já havia vencido em Iowa, com 51% dos votos, e ganhou impulso na candidatura. Nenhum republicano que venceu as duas primeiras etapas perdeu a nomeação depois.

A vitória de Trump em New Hampshire também chama a atenção porque o estado tem eleitorado de perfil mais moderado. Iowa era um estado com maioria de conservadores. Assim, o ex-presidente mostra sua força em atrair votos além de sua base de eleitores leais. Ele teve bons números em praticamente todos os recortes demográficos, segundo pesquisas de boca-de-urna.

Com o bom momento do ex-presidente, aumenta a pressão sobre Haley. Ela fez um discurso menos de meia hora depois do fechamento das urnas e garantiu que segue na disputa. "New Hampshire é a primeira [primária] da nação, não a última. Essa corrida está longe de acabar, tem muitos estados pela frente", disse. Ela fez também ataques ao rival. "Trump é o único republicano no país que Joe Biden pode vencer", afirmou.

Nikki Haley: candidata falou com a imprensa em Hampton, New Hampshire, nesta terça, 23 (Joseph Prezioso/AFP)

Apesar disso, após o segundo lugar em New Hampshire, ficará mais difícil para Haley seguir arrecadando doações de campanha e buscar apoios internos do partido. Outros nomes que estavam na disputa das primárias, como Ron DeSantis, Vivek Ramaswamy e Tom Scott, declararam apoio a Trump. Eles defendem que o partido precisa se unir em torno dele para concentrar a campanha contra Biden, assim como o próprio ex-presidente.

"Se ela não desiste, temos de gastar dinheiro [contra ela] em vez de gastar com Biden, que é nosso foco", disse Trump, à Fox News.

No pleito democrata, Biden teve 51,5% dos votos. Seu único rival a fazer uma campanha mais forte, Dean Philips, teve 19,8%. A escritora Marianne Willaimson ficou com 4,7%, segundo dados de 90% dos votos apurados. O percentual de Biden ainda pode crescer, pois havia 14% dos votos escritos à mão ainda a serem confirmados.

O presidente não se inscreveu para disputar a primária de New Hampshire. Assim, os eleitores tiveram de votar nele ao escrever seu nome na cédula.

A questão surgiu porque Biden quis mudar o calendário democrata e fazer a primeira primária na Carolina do Sul, por considerar o estado com eleitorado mais diverso, algo mais favorável a ele. O comando nacional do partido determinou que a disputa começará oficialmente na Carolina do Sul, mas a seção estadual de New Hampshire resolveu descumprir a ordem e fazer a votação mesmo assim. Uma lei estadual de lá determina que NH seja a primeira primária nacional.

Próximas datas das primárias

Os republicanos terão um caucus em Nevada em 6 de fevereiro, que é considerado uma vitória certa para Trump. O caucus é um modelo de primária em que os eleitores participam de reuniões presenciais para escolher um vencedor, em vez de apenas depositar seu voto na urna e ir embora.

Assim, o foco será na etapa seguinte, as primárias na Carolina do Sul, terra natal de Haley. Se ela não vencer ali, no estado em que governou, dificilmente terá força para manter a campanha.

Com isso, Trump pode obter a nomeação ainda em fevereiro, provavelmente antes de que algum das dezenas de processos na Justiça contra ele possa ser concluído e gerar uma possível condenação. O ex-presidente é processado por várias razões, especialmente por tentar reverter o resultado das eleições de 2020, que ele perdeu para Biden, fraude fiscal e desvio de documentos oficiais.

Uma das grandes questões da eleição é como os eleitores dele reagirão a uma condenação. O ex-presidente diz ser inocente e que os processos são uma tentativa do sistema de pará-lo. O argumento funciona com parte de seus eleitores fiéis, mas há dúvidas sobre como os indecisos, especialmente nos estados-chave da disputa, lidarão com a questão.

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Para os democratas, a próxima etapa serão as primárias da Carolina do Sul, em 3 de fevereiro, e em Nevada, no dia 6. Biden competirá de forma oficial e deverá participar de mais eventos de campanha. Na terça, 23, ele fez um ato em defesa do direito ao aborto, suprimido pela Suprema Corte em 2022.

"Eles tiraram um direito constitucional fundamental que estava em vigor por quase 50 anos. Não se engane: a pessoa mais responsável por tirar essa liberdade na América foi Donald Trump", disse Biden, no evento em Manassas, cidade nos arredores da capital Washington, já sinalizando que o tema será bastante explorado na campanha.

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