A eleição deste domingo (28), na Venezuela, decide entre a continuidade do chavismo, no poder há 25 anos, ou a mudança prometida por uma oposição unida depois de ter sido marginalizada em outras eleições, incluindo a última presidencial em 2018. Veja, abaixo, as principais diferenças entre os planos de governo de Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia:
Planos de Edmundo González Urrutia
Edmundo González Urrutia articulará seu plano eleitoral com duas ideias importantes: o programa que María Corina Machado traçou em seu documento "Venezuela, terra de graça" e o "Plano País". O candidato da oposição ainda não concluiu as suas propostas para o que poderão ser os seus próximos anos de mandato, mas baseia as suas ideias em “alcançar a liberdade, a democracia e a prosperidade”.
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Com base nestes dois documentos, Edmundo pretende elaborar o seu próprio documento intitulado "Diretrizes de políticas públicas para um programa governamental de unidade nacional". Se vencer a disputa eleitoral, González tomará posse em 10 de janeiro de 2025 e, segundo o que disse em diversas entrevistas, uma de suas ações imediatas será a libertação dos presos políticos.
Propostas de Nicolás Maduro
Já Nicolás Maduro volta a aparecer nas urnas eleitorais com a intenção de reforçar a continuidade do chavismo ao reeleger-se para mais um mandato de seis anos como presidente da Venezuela, cargo que assumiu em 2013, quando foi designado sucessor de Hugo Chávez. A candidatura do presidente tem sido marcada por denúncias de repressão por parte da oposição, além de vários apelos da comunidade internacional para garantir uma disputa pacífica e respeitar os resultados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Em janeiro, Maduro apresentou o seu plano de governo denominado “As Sete Transformações”, que é composto por vários objetivos que se alinham com os valores do partido no poder e do socialismo bolivariano, modelo que rege as políticas do seu governo. Entre as principais propostas, prioriza-se a soberania nacional em matéria de recursos naturais, ciência, tecnologia e renda, bem como a expansão das forças armadas e a defesa da Guiana Essequiba.
González: abertura do mercado e libertação dos presos políticos
- Segurança: A oposição assegura que não haverá forças armadas politizadas na sua administração.
- Economia: González propõe reduzir a inflação, melhorar os salários e reivindicar o valor do trabalho para que a moeda não se desvalorize e a economia se recupere. A sua política é a favor da livre iniciativa e do mercado livre. O plano de governo de María Corina Machado menciona “uma estabilização expansiva para eliminar a pobreza e promover o crescimento da classe média”.
- Meio Ambiente: A oposição procura a privatização da indústria petrolífera e a utilização de gás e energia limpa. María Corina Machado também fala sobre uma transição no modelo energético e em seus discursos enfatiza a proteção do meio ambiente através de suas políticas.
- Política Doméstica: González mencionou que haverá processos de anistia e de justiça transicional e afirma que os presos políticos serão libertados. Por outro lado, o candidato declarou que irá punir a corrupção “através de mecanismos rigorosos de responsabilização e auditoria em todas as instituições do Estado”.
- Política Estrangeira: González busca restabelecer relações com outros países e tirar a Venezuela do isolamento internacional.
Maduro: a continuidade do partido no poder
- Segurança: Maduro comprometeu-se a garantir a justiça e os direitos humanos. A “expansão e consolidação do poder militar” também foi abordada nas suas propostas eleitorais.
- Economia: O atual presidente propõe modernizar os métodos e técnicas de produção para diversificar a economia do país. A agenda política de Maduro antes das eleições também reiterou a importância de proteger a soberania venezuelana sobre os seus recursos naturais e o rendimento nacional.
- Meio Ambiente: O partido no poder incorporou as alterações climáticas na sua agenda política. Entre as suas promessas de campanha está a implementação de ações para combater a crise climática, salvaguardar as reservas naturais da Amazônia e da Venezuela da “voracidade do capitalismo”.
- Política Doméstica: O chavista promete “novas formas de governo” e um “novo Estado popular e revolucionário” como parte de suas políticas, embora até agora não tenha sido aprofundada a estratégia para alcançá-lo. Ele também prometeu lidar com a corrupção “com mão pesada”.
- Política Estrangeira: "As Sete Transformações (7T)" de Maduro também contemplam o fortalecimento de alianças estratégicas com os Brics. Numa visita à China em setembro de 2023, o presidente declarou que os países que compõem o grupo tinham na Venezuela “um parceiro, um aliado, um amigo”, e já havia manifestado anteriormente a sua intenção de que o país se juntasse à aliança internacional. O plano do governo também contempla o fortalecimento dos laços com os países da América Latina e do Caribe.