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Eleições legislativas deixam ao menos 12 mortos em Bangladesh

Registros aparecem após uma campanha eleitoral marcada por violência e acusações de repressão contra milhares de militantes da oposição.

Eleitores hindus esperam para votar durante as eleições gerais em Dhaka, Bangladesh, em 30 de dezembro de 2018. REUTERS / Mohammad Ponir Hossain (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

Eleitores hindus esperam para votar durante as eleições gerais em Dhaka, Bangladesh, em 30 de dezembro de 2018. REUTERS / Mohammad Ponir Hossain (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de dezembro de 2018 às 11h22.

Última atualização em 30 de dezembro de 2018 às 12h46.

Pelo menos doze pessoas morreram em confrontos neste domingo, durante as eleições legislativas em Bangladesh, após uma campanha eleitoral marcada por violência e acusações de repressão contra milhares de militantes da oposição.

A polícia matou três pessoas e outras oito foram mortas em confrontos entre partidários da Liga Awami e apoiadores do Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP), principal partido da oposição, informou a polícia.

Além disso, os militantes da oposição mataram um policial.

As eleições, que devem dar um quarto mandato à primeira-ministra Sheikh Hasina, são realizadas no meio de um grande dispositivo de segurança.

Há dez anos no poder, Hasina, de 71 anos, é muito popular entre seus compatriotas graças a um período de grande crescimento econômico e por ter feito com que Bangladesh perdesse sua imagem de país pobre. Ela também recebeu centenas de milhares de rohingya que fugiram de Mianmar.

Mas seus detratores a descrevem como um autocrata que prendeu sua adversária Khaleda Zia e reprimiu a dissidência com prisões em massa, desaparecimentos forçados e leis severas que amordaçam a imprensa.

Rumores

As autoridades mobilizaram 600.000 membros da polícia, do exército e de outras forças de segurança para as eleições de domingo, que foram precedidas por prisões em massa e confrontos sangrentos.

"Garantimos o mais alto nível de segurança com base na capacidade do país", disse à AFP Rafiqul Islam, chefe da comissão eleitoral.

"Esperamos que haja um ambiente de paz" nas quase 40 mil seções eleitorais, acrescentou.

O regulador de telecomunicações ordenou que as operadoras de telefonia móvel de Bangladesh cortassem as redes 3G e 4G até domingo à noite, para "evitar que os rumores se espalhassem", disse um porta-voz.

As mortes anunciadas neste domingo elevam para 16 o número de mortes confirmadas pela polícia desde o anúncio da data das eleições, em 8 de novembro.

Segundo as pesquisas, Sheikh Hasina, cujo pai, o xeque Mujibur Rahman, foi o primeiro presidente de Bangladesh, será vitoriosa, cumprindo o terceiro mandato consecutivo de cinco anos desde 2008, após um primeiro passo no poder entre 1996 e 2001, um recorde na história no país.

Eleição controlada

Para dominar o Parlamento, com 300 assentos, sua coalizão deve alcançar 151 assentos.

"Recebemos relatórios perturbadores sobre pessoas que teriam votado ilegalmente na periferia de Daca", disse Kamal Hossain, 82, o "pai" da Constituição de Bangladesh e figura proeminente da oposição.

Os responsáveis pelos colégios eleitorais na capital falaram de baixa participação no período da manhã.

O BNP, que boicotou as eleições anteriores, em 2014, acusa os membros da Liga Awami de terem atacado seus militantes para desencorajar os eleitores, algo que o establishment político nega.

O partido de Khaleda Zia, adversária e inimigo ferrenha de Hasina, também acusou a comissão eleitoral de parcialidade, que nega isso.

O partido diz que 15 mil militantes foram presos desde 8 de novembro. Várias organizações internacionais de direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch, denunciaram em comunicado conjunto no sábado as medidas repressivas que criaram um clima de medo que poderia dissuadir os partidários da oposição de comparecer às urnas.

"Nós fazemos o que podemos para ter eleições livres", declarou à AFP Rafiqul Islam, respondendo às preocupações da ONU e dos Estados Unidos, que também levantaram dúvidas sobre a credibilidade do processo eleitoral.

De acordo com a oposição, 17 candidatos foram detidos sob acusações falsas e 17 outros opositores foram impedidos de participar nas eleições pelos tribunais controlados por Hasina.

"Não é uma eleição livre e justa, é uma seleção controlada", disse um diplomata ocidental que pediu anonimato.

Sheikh Hasina rejeitou todas as acusações de repressão e pediu aos eleitores para apoiá-la para fortalecer ainda mais a economia, que desfruta de um crescimento anual de mais de 6% desde a sua vitória em 2008.

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