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Eleições italianas testarão continuidade da reforma de Monti

A decisão de Monti de entrar na disputa colocou sua agenda de reformas no centro da campanha


	Mario Monti: "Felizmente parece que a emergência financeira já passou, mas há outra emergência, que é tão grande ou até maior, a emergência do desemprego, especialmente no que diz respeito aos jovens e à falta de crescimento"
 (REUTERS/Ciro De Luca)

Mario Monti: "Felizmente parece que a emergência financeira já passou, mas há outra emergência, que é tão grande ou até maior, a emergência do desemprego, especialmente no que diz respeito aos jovens e à falta de crescimento" (REUTERS/Ciro De Luca)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2012 às 13h59.

ROMA - Mario Monti declarou "missão cumprida" ao renunciar ao cargo de primeiro-ministro da Itália, passando à frente a crise de dívida que estourou quando tomou posse há pouco mais de um ano, mas 2013 mostrará se ele preparou bem o terreno para uma mudança econômica duradoura.

As eleições em 24 e 25 de fevereiro darão aos italianos a primeira oportunidade de manterem a atual política econômica ou cederem às crescentes críticas de políticos às medidas de austeridade de Monti.

A decisão de Monti de entrar na disputa colocou sua agenda de reformas no centro da campanha e terá efeitos fora da Itália, terceira maior economia da zona do euro, cuja moeda única quase entrou em colapso no ano passado.

Monti, ex-comissário da UE, visto com bons olhos pelos mercados, pelo empresariado e até pela Igreja Católica, insistiu que a eleição deve girar em torno de criar um acordo político em vez de se voltar para uma única pessoa.

Neste sentido, o verdadeiro selo de aprovação talvez não seja ele ganhar um segundo mandato, mas convencer outros partidos e o país inteiro a continuar com a agenda liberal que ele implantou.

Isso ainda é dúvida, apesar dos elogios no exterior à maneira como lidou com a crise, apesar de os italianos terem visto o padrão de vida cair e o desemprego disparar.

O centro-esquerdista Partido Democrata, favorito para vencer as eleições, apoiou Monti no Parlamento e diz que manterá a política dele, apesar de se focar mais em crescimento e ajuda aos trabalhadores e pobres.


No entanto, alguns da ala esquerdista do partido e dos sindicatos aliados alegam que a desigualdade cresceu durante a gestão de Monti.

Quanto aos direitistas, Silvio Berlusconi acusa Monti de acatar ordens da chanceler alemã, Angela Merkel, e de prejudicar a classe média em benefício dos bancos alemães.

EMERGÊNCIA DO DESEMPREGO

Na sexta-feira, Monti confirmou que participará da campanha eleitoral como líder de uma coalizão de centro comprometida a prosseguir com suas reformas.

"Felizmente parece que a emergência financeira já passou, mas há outra emergência, que é tão grande ou até maior, a emergência do desemprego, especialmente no que diz respeito aos jovens e à falta de crescimento", afirmou.

A economia italiana encolheu por cinco trimestres seguidos e deve ter fechado 2012 com uma retração de 2,4 por cento. A dívida pública passou da margem psicológica de 2 trilhões de euros, a corrupção e o desperdício ainda são ameaças e o desemprego entre jovens passa de 36 por cento.

O desafio em 2013 será ainda maior se o mercado se voltar contra a Itália, como aconteceu em 2011, diante das tensões no governo Berlusconi, que levantaram dúvidas sobre o comprometimento com a disciplina orçamentária.

Na mais recente pesquisa eleitoral, o líder do Partido Democrata Pier Luigi Bersani aparecia com 36 por cento de apoio, à frente de Monti (23,3 por cento) e do Partido Povo da Liberdade de Berlusconi e do Movimento Cinco Entrelas, de Beppe Grillo.

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